Dia 4 (15
de Junho)
Lá diz o provérbio que “o que é bom acaba depressa”. Ora foi
precisamente esta a sensação com que fiquei quando, ao acordar, dei por mim
confrontado com a triste realidade de que esta minha aventura pelos Picos da
Europa estava a chegar ao fim. Mas apesar do percurso de regresso a casa ser
longo, com algumas centenas de quilómetros ainda por cumprir, houve tempo para
uma subida às alturas para uma despedida em grande.
A despedida dos Picos da
Europa.
Fuente Dé é uma localidade pertencente ao município de Camaleño, na
comunidade autónoma da Cantábria, onde se encontra localizado o famoso Teleférico
de Fuente Dé, a pouco mais de 20 km de Potes e com acesso por outra fantástica
estrada, neste caso a CA-185.
O circo de montanhas
(glaciar de circo) que rodeia Fuente Dé, em cuja base se encontra o Parador e a
estação do Teleférico.
Esta infraestrutura abriu ao público no dia 21 de Agosto de 1966,
efectuando a ligação entre Fuente Dé e o miradouro de El Cable, num percurso de
1.150 m. Demora 3 minutos e 40 segundos a vencer um desnível de 753 m, passando
dos 1.070 m de altitude da estação base para os 1.847 m da estação superior.
Teleférico de Fuente Dé
(estação base).
Teleférico de Fuente Dé
(cabina).
Teleférico de Fuente Dé
(estação superior).
Este sistema de transporte é frequentemente utilizado por caminhantes como
meio de acesso rápido às diversas rotas de montanha existentes no Maciço
Central, bem como por turistas que querem contemplar as impressionantes vistas das
montanhas desde o miradouro de El Cable, na estação superior, como foi o caso
(uma palavra de apreço ao funcionário da bilheteira por se ter disponibilizado a
guardar os capacetes e o saco de depósito antes da subida). Relativamente ao
preço, o valor de € 17,00 cobrado por uma viagem de ida e volta (adulto) é um
pouco elevado, de facto, mas acaba por valer a pena pela experiência
proporcionada, como facilmente se comprova pela extensa fila de visitantes que
aguardavam pela sua vez de subir.
Teleférico de Fuente Dé (vista
do miradouro de El Cable para Fuente Dé).
Teleférico de Fuente Dé (vista
do miradouro de El Cable para o Maciço Central).
Teleférico de Fuente Dé
(estação superior).
E foi assim, rodeado de paisagens de grande beleza, que se passou a
manhã deste último dia por estas terras altas espanholas. A viagem de regresso
teve então aqui o seu início, com o caminho de volta à vila de Potes e ao
início da retorcida estrada CA-184 em direcção ao Parque
Natural Fuentes Carrionas y Fuente Cobre, já na comunidade autónoma de Castela
e Leão.
Teleférico de Fuente Dé
(estação base).
Depois de atravessar este espaço natural protegido, a estrada CL-627
leva-nos até à rural e tradicional vila de Cervera de Pisuerga, no limite do
parque, local onde atestei a VFR800 e que, por pouco, não foi a última vez que
o fiz antes de entrar em Portugal.
À medida que rumava para Sul, o calor começava a fazer-se sentir de
forma mais intensa, criando algum desconforto na condução, em especial sempre
que tinha que parar a moto. Essa condição, por um lado, e o avançar da tarde,
por outro, fizeram com que tomasse a decisão de seguir pela estrada CL-626 para
Aguilar de Campoo, onde, um pouco mais à frente, tomei a via rápida A-67 em
direcção a Palencia e depois a A-62 para Valladolid e Tordesillas.
Novamente com o termómetro da VFR800 a assinalar uns incomodativos 37ºC,
tal como tinha acontecido em León no 1.º
dia da viagem, estava na altura de fazer uma pausa para descansar um pouco
e beber/comer qualquer coisa. Daqui até Zamora foi um pulinho, pela pouco
movimentada estrada N-122, prosseguindo até ao posto de abastecimento Repostar
Monte Concejo onde, aqui sim, aproveitei para colocar os últimos litros de
gasolina a preços de Espanha (mais barato, claro).
Retomando novamente o trajecto que já tinha efectuado quando fui
assistir ao GP La
Bañeza, para a
parte final do percurso ficaram as travessias da Albufeira
de Ricobayo, da Barragem
de Villalcampo e da Barragem
de Miranda do Douro para entrar em Portugal.
Em resumo
O que encontrar: Apesar da Cordilheira dos Picos da Europa não
confrontar com o litoral, os seus cumes mais altos situam-se apenas a algumas
dezenas de quilómetros do Mar Cantábrico, pelo que é possível combinar as
paisagens de montanha com as belas praias da Costa Verde asturiana.
Época do ano: O mês de Junho é propício a dias solarengos, com temperaturas amenas,
embora não seja de descurar a possibilidade de nuvens, alguma chuva e até
trovoada. Os preços praticados nessa altura correspondem ao período de época
baixa.
Na estrada: As curvas e contracurvas são as companheiras habituais (e ideais) de
quem circula por estas estradas, em geral com pouco trânsito e bom piso, por
entre paisagens naturais de grande beleza. Numa palavra: excelente!
Onde ficar: A oferta de alojamento é vasta e variada em cada uma das regiões
abrangidas pelas três comunidades autónomas, embora o preço e a disponibilidade
variem naturalmente com o local e a época do ano. Se a opção passar por efectuar
a reserva do quarto com refeições incluídas, atenção na altura do check-out com esses extras na conta (coincidência,
ou não, o Hotel La Casa de Juansabeli foi o único onde não tive surpresas...).
O que comer: A Sidra das Astúrias e o Queso Cabrales, juntamente com alguns pratos
típicos como o entrecot com molho de Cabrales, a fabada asturiana ou o cabrito
assado, entre outros, são presenças incontornáveis na gastronomia da região.
A não perder: Sem nenhuma ordem específica, a estrada N-621 (de Riaño a Potes), o Mirador
del Corzo, o Monumento Al Oso Pardo, Caín de Valdeón (La Ruta del Cares), o Desfiladeiro
de Los Beyos, Covadonga (Santuário e Lagos), Tresviso, o Desfiladeiro de La
Hermida e Fuente Dé (Teleférico).
Sem comentários:
Enviar um comentário