Fita de Asfalto: janeiro 2022

Museu Duas Rodas (M2R)

Desde o final do Séc. XIX que a freguesia de Sangalhos está intimamente ligada à história do sector das duas rodas em Portugal (bicicletas e motorizadas). Esta ligação ficou ainda mais reforçada quando, no dia 22 de Junho de 2021, foi inaugurado o Museu Duas Rodas (M2R), localizado nas instalações do Centro de Alto Rendimento de Anadia - Velódromo Nacional (Sangalhos).

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Único no país, o M2R é o primeiro museu nacional das duas rodas e dá assim a conhecer a história do ciclismo e do motociclismo local, regional e nacional, mostrando a sua forte ligação ao concelho de Anadia, bem como a grande importância desta indústria para a economia da Região da Bairrada.

A História

Nas primeiras décadas do Séc. XX, compravam-se bicicletas (maioritariamente de origem inglesa) nos armazenistas e importadores de Anadia, como a Velocipédica, fundada em 1907 e situada na Rua Direita, junto ao Largo das Fontes e na Silva, Neto & Companhia, e em Sangalhos nos Armazéns Paraíso (Duque & Simões), nos Armazéns Sport ou na Mieiro & Teixeira.

Mais tarde, quando arrancou o processo da produção e velocípedes a motor, primeiro sob licença de marcas estrangeiras e depois com o desenvolvimento e construção de modelos próprios, foi com naturalidade que surgiram fabricantes e sucederam-se marcas que se tornaram ícones da indústria nacional, como a S.I.S. - Sociedade Importadora de Sangalhos, Lda. (depois Fundador), a S.I.S. - Sociedade Irmãos Simões, a Organização Sachs Portuguesa (depois SIS-Sachs), a Famel, a Casal, a Macal, EFS ou a Mourisotam.

Das bicicletas aos micromotores acoplados na década de 1940, até à invasão das motorizadas nas décadas de 1950 e 1970, esta foi uma indústria que acrescentou valor ao país, não só a nível tecnológico e material, como humano, com destaque para as gentes da Região da Bairrada: operários, técnicos, industriais e comerciantes, que ultrapassaram em muito as fronteiras nacionais, negociando à escala internacional.

No auge desta indústria, os anos de 1960, dois núcleos dominavam o panorama português: Braga e Aveiro. Se o distrito aveirense concentrava a maioria das empresas de bicicletas e motociclos, o núcleo de Anadia/Sangalhos em particular perdurou como um símbolo na história das duas rodas em Portugal.

Museu Duas Rodas, Centro de Alto Rendimento de Anadia - Velódromo Nacional (Sangalhos).

A visita (guiada) ao M2R tem a duração aproximada de 50 minutos e pode ser realizada de segunda-feira a domingo, nos seguintes horários: 10:00, 11:00, 12:00, 15:00, 16:00 e 17:00. A entrada é gratuita mas deverá ser previamente efectuada a marcação através do número de telefone 234 738 218.

A colecção

Ao longo de 250 m de espaço museológico em redor da pista do velódromo foi criado um percurso com várias “estações”, onde se encontram expostas não apenas as múltiplas relíquias da indústria motociclística Portuguesa mas também um vasto espólio dedicado ao ciclismo e às diversas lendas que saíram da região de Sangalhos e do seu clube histórico, o Sangalhos Desporto Clube.

Bicicleta de corrida Winster (1900) – Colecção João Seixas.

Bicicleta Celta e Camisola Amarela de Alves Barbosa (Sangalhos Desporto Clube), vencedor da Volta a Portugal de 1951, bem como a camisola da Selecção Nacional (1951-61) – Colecção Família Alves Barbosa.

As três Camisolas Amarelas de Joaquim Agostinho, vencedor das Voltas a Portugal de 1970, 71 e 72 (considerado o melhor ciclista português de todos os tempos) – Colecção Frutuoso A. Silva e Herdeiros.

O acervo do M2R conta com peças próprias e cedidas por particulares que, através de doação e empréstimo, contribuíram para o enriquecimento da colecção. Muitas destas peças ainda não tiveram oportunidade de serem expostas, o que virá a acontecer numa futura renovação do espaço, já que o museu pretende ser uma obra inacabada e em constante renovação, por forma a criar um espaço dinâmico, apelativo e realista para os visitantes.

Binz S 50 (anos 50) – Colecção João Seixas; Dover (1952) – Colecção Maria Aldina Costa Ribeiro; Famel Foguete (1960) – Colecção José Gonçalves.

SIS Sachs Lebre (1972) – Colecção Victor Oliveira; Gazela, com motor Gazela [SIS] (1957) – Colecção Manuel Sousa.

SIS Sachs V5 Sport (1966) – Colecção António Fastagio de O. Barbosa.

Aidan - “Macal M70 Turismo” (1977) – Colecção Luís Filipe Gonçalves Rodrigues.

Famel XF17 Super Sport (1978) – Colecção José Gonçalves.

EFS Fórmula 1 (finais da década de 1970) – Colecção José Tribuna.

Para além de bicicletas e motorizadas, o M2R conta com uma grande panóplia de peças e acessórios, algumas delas autênticas raridades, que marcam também a história do ciclismo e do motociclismo local, regional e nacional. O espaço conta também com um importante espólio documental e fotográfico presente num suporte digital e interactivo.

“Estação” alusiva à marca S.I.S./Fundador, com uma Fundador (1965) – Colecção Victor Oliveira.

“Estação” dedicada à competição, com uma Casal K188 Enduro (anos 70) – Colecção José Tribuna.

Forvel Concorde (1978) e Confersil 604 GT Sport (1981) – Colecção António pico.

Casal K554 - RZ 50 (1988) – Colecção Carlos Carrete, modelo assinado por João Casal.

Famel XF25 (1991) – Colecção Abimota, modelo com indicação de lote n.º 353 do leilão da Avalibérica sobre o material decorrente do encerramento da Famel.

Marvil 604 GT Sport (1981) – Colecção Óscar Ventura; Casal Carina S170 (anos 70) – Colecção João Seixas; EFS GT Super (1979) – Colecção Victor Oliveira.

Aqui fica um pequeno “aperitivo” sobre o Museu Duas Rodas: