sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Na “Pérola do Atlântico” #8/8

Dia 8 (17 de Setembro) – Chegada a Portimão e regresso
 
O despertar do derradeiro dia da viagem à “Pérola do Atlântico” foi acompanhado por uma sensação de forte desconforto. Senti-me com se tivesse levado uma valente sova durante a noite. Maldita cadeira! Preferia ter feito uma tirada de 1.000 km seguidos na minha Tiger... Enfim, o que vale é que depois de ter tomado o desayuno (de novo um café con leche en vaso largo e um bocadilho de jamon y queso) a coisa lá arribou um pouco.
 
O ferry cumpria as restantes milhas do trajecto sem sobressaltos, tal como o fez durante toda a travessia. Já não faltava assim tanto para avistar a costa do Algarve. O Farol da Praia da Rocha deu-nos depois as boas vindas no regresso à cidade de Portimão, num magnífico dia de sol e com uma temperatura a condizer.
 
Farol da Praia da Rocha com Portimão à vista!

Pouco tempo depois, os altifalantes do navio anunciavam que os passageiros já podiam descer para junto das suas viaturas. Estava na altura de “arrumar a trouxa” e iniciar os preparativos para o desembarque. Com a descida da rampa para o exterior da cubierta teve início a agradável sinfonia emanada dos motores das motos, amplificada pelo espaço fechado, metálico e com pouca altura em que se encontravam.
 
Preparação para o desembarque...

... e a descida da rampa.

Passada a breve inspecção das autoridades alfandegárias ainda dentro do recinto do Terminal de Cruzeiros (uma mera formalidade, diga-se) e antes de seguir para a estrada, foi tempo de um último olhar sobre o ‘Volcán de Timanfaya’, que entretanto já se preparava para receber uma nova “fornada” de passageiros e viaturas.
 
Já em solo portimonense.

Uma breve consulta do relógio revelou que tinha chegado a hora do almoço. Então nada melhor do que ir à procura de um bom local para saborear a gastronomia algarvia, que tem no peixe assado na brasa, principalmente a típica sardinha, um dos seus expoentes. Acabei por “assentar arraiais” numa esplanada localizada na zona ribeirinha Entre Pontes, com uma vista privilegiada para o Rio Arade. Dificilmente poderia ter sido melhor.
 
Uma bela sardinhada para a despedida. 
 
E foi mesmo com uma gostosa sardinhada que me despedi de Portimão, levando comigo uma agradável e saborosa recordação do Algarve para a viagem de regresso a casa.
 
Resumo
 
Em jeito de balanço, pode dizer-se que esta viagem de moto pela Madeira foi bastante diversificada. Começou com uma longa travessia marítima por ferry, passou por uma grande variedade de estradas e caminhos na ilha, através de paisagens espectaculares e até bastante diferentes, acabando necessariamente com uma nova e extensa travessia marítima por ferry, de volta ao ponto de partida.
 
Ilha da Madeira.
 
A Madeira é sem dúvida um destino turístico por excelência. Durante esta minha estadia, tive oportunidade de conhecer algumas das muitas coisas boas que a “Ilha das Flores” tem para oferecer. Das magníficas paisagens à boa gastronomia, da riquíssima flora ao artesanato, não faltaram motivos de interesse para explorar, tudo isto acompanhado por um clima marítimo temperado com temperaturas primaveris que aqui se fazem sentir durante praticamente todo o ano.
 
Os amantes da natureza podem disfrutar da beleza da Floresta Laurissilva e de um grande número de parques naturais e jardins, com destaque para o Jardim Botânico da Madeira - Eng.º Rui Vieira e para o Jardim Tropical Monte Palace (Quinta Monte Palace). Para os mais aventureiros, os passeios pedestres pelos trilhos ao longo das Levadas e Veredas e os passeios de barco para observação de cetáceos são actividades a não perder.
 
É notória uma grande influência da cultura inglesa nestas paragens (na genealogia dos madeirenses, de uma classe social alta, os apelidos estrangeiros cruzam-se com os portugueses), o que, analisando a história, não é de estranhar, já que a Madeira foi duas vezes ocupada por tropas britânicas durante o séc. XIX (em 1801-1802 e em 1807-1814). O famoso Vinho da Madeira é um bom exemplo deste legado, tendo ficado conhecido em toda a Europa e América pelas mãos dos ingleses, tornando-se o vinho preferido em banquetes e mesas requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias.
 
Ao nível dos produtos regionais destacam-se também os derivados da Cana-de-Açúcar (Mel de Cana, Rum/Aguardente de Cana, Broas e Bolo de Mel), as frutas tropicais (Abacate, Anona, Banana, Maracujá, Papaia, Manga, Goiaba), o Bolo do Caco, a Poncha, o Bordado Madeira e os trabalhos em Vime. Na gastronomia, não há como ignorar o peixe fresco (Peixe-Espada Preto, Atum, Bodião, Pargo), o marisco (Lapas, Cracas) e a Espetada Regional em pau de loureiro. As tradições regionais têm no Traje Tradicional da Madeira, no Folclore (“bailinho” da Madeira), nos Arraiais e nas Festas Religiosas algumas das principais atracções turísticas.
 
Andar de moto na Madeira é realmente um prazer. Existem diversas opções para fazer bons quilómetros nas estradas locais, maioritariamente com bom piso, que vão desde as vias mais rápidas e essencialmente planas para se chegar aos locais de forma mais rápida (através de uma grande quantidade de túneis), até aos caminhos mais sinuosos e estreitos, por entre povoações e vegetação luxuriosa, que nos levam até aqueles lugares especiais.
 
Mas atenção, devido a uma geografia bastante acidentada, com grandes falésias na costa e zonas montanhosas como o Pico Ruivo ou o Pico do Areeiro, que alcançam os 1.800 m de altura, poucas são as estradas que não apresentam ingremes subidas e descidas, numa constante montanha-russa asfáltica. Nota máxima para a Tiger 800 XRx que superou todos estes desafios com distinção.