terça-feira, 28 de agosto de 2018

Espanha “caliente” #1/6

Enquanto estava a arrumar a mala (na véspera, como é habitual...) para a viagem de moto que efectuei a Espanha em meados do passado mês de Junho, veio-me à cabeça um artigo que li sobre viajar com sentido prático. “Muita ou pouca bagagem, o fundamental para viajar é a ATITUDE”, escreve a autora.

Ora quem viaja de moto sabe que, para além do enorme prazer que tem em conduzir a sua máquina por estradas e locais aprazíveis, nem sempre as coisas correm exactamente como previsto e por vezes há que superar algumas situações menos agradáveis. E é precisamente aí que a tal “atitude” é necessária para assegurar que o importante continue a ser a viagem, não apenas o destino. 

Vem isto a propósito das condições climatéricas que encontrei durante os 6 dias de viagem pelo tórrido sudoeste espanhol, com o propósito de visitar as cidades de Madrid, Toledo, Córdova, Granada e Ronda em curtos roteiros de um dia. Para tal é necessário efectuar a travessia das comunidades autónomas da Estremadura, Castela-Mancha, Madrid e Andaluzia, o que foi efectivamente cumprido com temperaturas que variaram entre os 35ºC e os 40ºC! Foi realmente necessário ter alguma (muita) “atitude”...

Comunidades autónomas de Espanha. Via 

Dia 1 (15 de Junho) – Aquedutos e o caminho para Toledo

O plano traçado para este primeiro dia de viagem passava por entrar em Espanha pela fronteira do Caia, entre Elvas e Badajoz, seguir pela autovia A-5 até um pouco depois de Talavera de la Reina e sair para a A-40 em direcção a Toledo, mais precisamente para Olías del Rey (a cerca de 10 km da cidade das três culturas), local de pernoita para as visitas a Madrid e Toledo que iria efectuar nos dias seguintes.

Em direcção à zona de Toledo. 

Mas antes de chegar a terras de “nuestros hermanos” foi ainda tempo de conhecer a Gruta do Escoural, no município de Montemor-o-Novo, à qual se acede a partir da Estrada Nacional 2. Esta importante cavidade natural, que é Monumento Nacional desde 1963, é a única em solo nacional que contém gravuras e pinturas rupestres paleolíticas. Uma verdadeira “montra” da pré-história alentejana (a visita custa € 3,00 e só pode efectuada mediante marcação prévia no Centro Interpretativo em Santiago do Escoural).

Gruta do Escoural, Santiago do Escoural (Montemor-o-Novo). 

Prosseguindo pelas pitorescas e rurais estradas M370, CM1079-1 e CM1079, cerca de 15 km depois surge a povoação de Valverde, onde se situa a Quinta do Paço e o Conventinho do Bom Jesus, ocupados atualmente pelo Polo da Mitra da Universidade de Évora. É junto a este convento que se encontra o Aqueduto da Mitra, construído na segunda metade do século XVII para abastecer a casa principal e a capela.

Aqueduto da Mitra, Valverde (Évora). 

Cerca de 2 km depois, a referida estrada CM1079 entronca com a N380 em direção a Évora, cidade que circundei para prosseguir em direcção a Elvas pela N18 e N4, passando pelo Aqueduto da Água de Prata, uma obra de engenharia hidráulica renascentista executada para abastecer a cidade com água, inaugurado no ano de 1537, parte integrante do Centro Histórico de Évora incluído na Lista do Património Mundial da UNESCO e está classificado como Monumento Nacional desde 1910.

Aqueduto da Água de Prata, Évora. 

À entrada de Elvas encontra-se, nada mais nada menos que... outro aqueduto, pois claro! Neste caso trata-se do imponente Aqueduto da Amoreira que, com os seus 8,5 km de extensão, 843 arcos com mais de cinco arcadas e torres que se elevam a 31 metros de altura, é considerado o maior aqueduto da Península Ibérica. Começou a ser construído em 1537 e foi inaugurado em 1620. Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910 e integra o sítio denominado Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas e as suas Fortificações, classificado pela UNESCO como Património Mundial desde 2012. 

Aqueduto da Amoreira, Elvas.

Depois de um reconfortante almoço dentro das Muralhas de Elvas (as maiores fortificações abaluartadas do mundo) e com a temperatura já a atingir valores um tanto ou quanto incomodativos, a viagem prosseguiu sem grande história pela autovia A-5 (sem portagem, como é normal em Espanha) até à saída 76, antes de Maqueda (Toledo), com um reabastecimento a meio perto de Santa Cruz de la Sierra (Cáceres). Daqui até Olías del Rey foi um pulinho, primeiro pela A-40 até à saída 127, seguindo depois pela CM-4003, CM-4006 e uns metros na A-42 (Autovia de Toledo, que assegura uma ligação directa entre Madrid e Toledo) até ao estacionamento do Hostal 82.

Hostal 82, Olías del Rey (Toledo). 

Com reserva antecipadamente assegurada para evitar surpresas desagradáveis, o check-in foi efectuado sem problemas, apesar de uma pequena confusão por parte do funcionário do hostal, prontamente ultrapassada com a exibição do comprovativo da reserva (valeu a pena ter ido prevenido).

Depois de jantar no restaurante em frente ao hostal, curiosamente também com o nome ‘82’ (para além de ‘Molero's’), ainda houve tempo para um pequeno passeio ao centro histórico desta tranquila localidade, com passagem pelo Parque Municipal “Virgen del Rosario” (que inclui a Piscina Municipal) em direcção à Plaza de la Constitución, onde se encontra o Ayuntamiento de Olías del Rey, a Parroquia de San Pedro Apóstol e a Confraternidad Regional de Operarios del Reino de Cristo. 

Parroquia de San Pedro Apóstol, Olías del Rey (Toledo).

Confraternidad Regional de Operarios del Reino de Cristo, Olías del Rey (Toledo). 

Continua...