terça-feira, 25 de julho de 2023

Marroco Xperience Tour 2022 #7/10

Dia 7: Marrocos (Essaouira – Marrakech)

Com o pequeno-almoço tomado e a bagagem arrumada nas motos, deixámos Essaouira uma vez mais por volta das 08:30, ou à “hora que ninguém desconfia”. E tal como no dia anterior, a organização planeou um trajecto não muito longo até à exuberante cidade vermelha de Marrakech, com o objectivo de deixar a tarde livre para visitas e descoberta desta fantástica cidade imperial, a segunda visitada neste tour. Para o final do dia esperava-nos um jantar especial com noite temática.
 
Dia 7 – 200 km.
 
Tirando algumas situações curiosas vistas na estrada, como o transporte de gado bovino estranhamente acondicionado em cima de uma pick-up, a rota escolhida acabou por não ter grande história. A maior parte da viagem foi cumprida maioritariamente por zonas pouco acidentadas, como foi o caso da planície de Chiadma, de condução monótona e não muito entusiasmante.
 
Curiosa forma de transporte de animais numa pick-up.
 
Ainda assim, acabei por apanhar um valente susto quando se acendeu a luz da reserva do combustível da moto, agravado com o passar dos quilómetros sem a caravana mostrar sinais de querer parar para abastecer. A gasolina ia-se rapidamente esgotando no depósito e foi já em ritmo bastante lento e muito afastado do grupo que acabou por surgir um milagroso posto de abastecimento, quando a moto indicava apenas (uns teóricos) 18 km disponíveis... de um total de 380 km que o depósito cheio permite percorrer!
 
Só restavam 18 km para percorrer... até ficar sem gasolina no depósito!
 
Ainda mal refeito das emoções do final da viagem, a entrada em Marrakech despertou-me novamente os sentidos pela dimensão da cidade, pelo tamanho das avenidas, e pelo volume de trânsito que nelas circula. É uma das cidades mais populares e visitadas de Marrocos (se não mesmo a mais visitada).
 
Efetuámos primeiro o check-in no muito agradável Zalagh Kasbah Hotel & Spa e almoçámos no restaurante do hotel antes de partir à descoberta das atrações turísticas de Marrakech, com a certeza de que a Medina e os souks iriam fazer valer a pena. Estávamos localizados sensivelmente a 5 km da famosa Place Jemaa El-Fnaa. Foi então para este emblemático local da cidade que depois nos deslocámos, “arrumados” em vários petit-taxi (tipicamente para 3 ou 4 pessoas) tomados à porta do hotel, depois de negociado o preço da viagem.
 
‘Zalagh Kasbah Hotel & Spa’ (Marrakech).
 
‘Zalagh Kasbah Hotel & Spa’ (Marrakech).
 
A cidade de Marrakech está localizada no centro de Marrocos, junto ao sopé Norte da cordilheira do Alto Atlas. Foi fundada em 1062 por Abu Becre ibne Omar e é a quarta maior do país, a seguir a Casablanca, Fez e Tânger. É apelidada de “cidade vermelha” ou “cidade ocre” pela cor dos seus edifícios na Medina (classificada como Património Mundial desde 1985), onde está concentrada toda a história local.
 
Com vários locais emblemáticos para visitar com o Jardin Majorelle, a Madrassa Ben Youssef, os jardins da Mesquita Koutoubia ou o Jardin Secret, é no entanto na Place Jemaa El-Fnaa que tudo acontece (a praça mais movimentada e animada de África, inscrita nas listas do Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2001). Aqui reúnem-se os locais e os visitantes: de dia com vendedores de sumos e fruta (os sumos naturais de romã e de laranja são uma especialidade), à noite com restaurantes e contadores de histórias, ao lado de encantadores de serpentes.
 
Na zona Norte da praça situam-se os souks, fontes intermináveis de estimulação sensorial. A variedade de cheiros, sons, texturas, cores e sabores é impressionante e não deixa ninguém indiferente. Estão abertos das 09:00 às 21:00 e a melhor altura para visitar é logo de manhã ou ao final do dia, quando a temperatura é mais baixa e se torna mais fácil percorrer as ruas da Medina.
 
Para os mais destemidos, uma sessão de compras é algo que não devem perder em Marrakech. Há que ter então a arte da negociação bem oleada e estar preparado para enfrentar o constante “assédio” que os vendedores exercem sobre os turistas (lembrei-me logo da conversa com o vendedor de tapetes berberes em Taznakhte no 5.º dia: “à Marrakech ils ne sont pas berbères, ils sont barbares” – em Marrakech não são berberes, são bárbaros). Talvez um pouco exagerado, mais ainda assim...
 
As ruas labirínticas dos souks dentro da Medina (Marrakech).
    
Dois exemplares das emblemáticas Docker na Praça Jemaa El-Fnaa (Marrakech).
 
Este foi, sem dúvida, um dos locais que até hoje me despertou maiores sensações. Começa verdadeiramente a ganhar vida um pouco antes do pôr-do-sol quando os comerciantes, artistas e variadas personagens se começam ali a instalar. Esta é a altura ideal para encontrar um bom local para sentar no terraço do Café Glacier e tomar tranquilamente um chá de menta, embalado pelo som do chamamento para a oração vindo do alto do minarete da Mesquita Koutoubia e a assistir a um dos pores-do-sol mais fascinantes que já presenciei.
 
Assistir ao pôr-do-sol no terraço do ‘Café Glacier’ (Place Jemaa El-Fnaa – Marrakech).
 
Com o cair da noite aproximava-se a hora do jantar. A organização tinha definido o ponto de encontro para todos os elementos do grupo precisamente na esplanada do ‘Café Glacier’, pelas 20:00, seguindo depois em comitiva até ao restaurante. Ainda houve tempo para um breve briefing sobre o dia seguinte, onde nos esperaria uma surpreendente aventura pelas ruas da Medina.
 
Com a promessa de um jantar especial com noite temática, as espectativas foram largamente superadas quando entrámos no luxuoso restaurante Dar Essalam. Um local magnífico, com vários salões ricamente decorados, cada um com a sua particularidade arquitectónica e a sua história (numa das salas foram filmadas cenas do filme The Man Who Knew Too Much realizado por Alfred Hitchcock em 1956).
 
Fomos encaminhados para o Royal Salon, um espaço caracterizado por uma imensa cúpula e uma fonte central, que apresenta todos os grandes padrões da arte árabe-andaluza. A refeição recaiu num menu com diversos pratos da cozinha marroquina, servidos com requinte, que incluiu variadas tagines, brochettes e couscous, entre outros. Os sons ao vivo da música tradicional de Marrocos criaram um ambiente a condizer, com animação garantida pela boa disposição do staff e pela performance dos artistas com os seus espectáculos de dança.
 
Restaurante ‘Dar Essalam’, com música tradicional ao vivo e...
 
... espectáculo de dança exótica (Marrakech).
 
A concluir a visita à vibrante cidade de Marrakech, seguiu-se um pequeno passeio nocturno para ajudar na digestão, regressando depois ao hotel, uma vez mais transportados em pequenos grupos pelos petit-taxi.
   
Continua...