A noite de sexta-feira (dia 2 de Agosto) caiu sobre a Vila de Sendim de
uma forma calma e com uma temperatura amena, embora com o passar das horas
foi-se tornando um pouco mais fria, como aliás já é habitual por estas paragens.
Estava assim criado um bom cenário natural para a abertura da 14.ª edição do
FIS (Festival Intercéltico de Sendim).
Antes de assistir ao início das celebrações sendintercélticas de música
folk, ouve tempo para uma visita à Casa da Cultura de Sendim onde estava a
exposição “Ls Mielgos” de aguarelas do artista sendinês Manuel Ferreira, e para
aconchegar o estômago com um belo repasto no conhecido restaurante situado no
Largo da Igreja, que incluiu a célebre Posta Mirandesa e as não menos afamadas
Alheiras Transmontanas.
Chegava então a altura de chamar o povo para os espectáculos musicais da
noite, cabendo essa tarefa aos Gaiteiros de Sendim (Lenga-Lenga) que, ao som das suas gaitas
de foles e percussões, desfilaram pelas ruas da Vila, desde o Largo da Igreja
até ao Parque das Eiras.
Desfile dos Gaiteiros de
Sendim (Lenga-Lenga) pelas ruas da Vila.
Como realçou Mário Correia (o rosto da organização e o grande
dinamizador do FIS) na abertura do evento, os grupos portugueses têm
normalmente a ingrata tarefa de serem os primeiros a actuar no palco montado no
Parque das Eiras, puxando por um público ainda sem ritmo na primeira noite do
festival.
E este ano não foi excepção, com as sonoridades tradicionais da banda Andarilhos de Baião a ecoarem em primeiro
lugar no recinto, saldando-se numa boa actuação em termos globais, embora com alguns
(poucos) momentos de altos e baixos, apesar da grande energia transmitida pela
voz de Vasco Monterroso. Seriam os nervos da primeira participação no FIS?
Actuação dos Andarilhos
(Baião-Portugal).
Quem não teve com meias medidas foram os japoneses Harmonica Creams, quarteto formado por
Yoshito Kiyono (Harmónica), Aiko Obuchi (Fiddle), Koji Nagao (Guitarra) e
ToshiBodhran (Bodhran), que deixou o público de "olhos em bico" com a
sua vibrante e energética música "Celtic Blues".
Acabei por ficar agradavelmente surpreendido (confesso que estava
curioso relativamente à actuação deste jovem grupo asiático de folk), graças ao
virtuosismo e empatia dos seus elementos, com destaque para os brilhantes solos
de harmónica de Yoshito Kiyono, demonstrando que a conquista do primeiro prémio
na edição de 2012 do Festival
de Ortigueira (um dos mais importantes festivais de música Celta a nível
internacional) não foi por mero acaso. Uma boa aposta da organização.
Actuação dos Harmonica
Creams (Japão).
Com o esfriar da noite e para aquecer o corpo e a alma, o degustar do já
famoso Licor Celta à venda numa das bancas no recinto é sem dúvida um verdadeiro
must do festival.
A última apresentação da noite esteve a cargo do sexteto Jamie Smith's Mabon do País de
Gales, liderado pelo talentoso acordeonista Jamie Smith, que encantou os
presentes com as suas melodias influenciadas não só na música Celta
tradicional, mas também por artistas mais contemporâneos.
Apesar de alguns problemas com o som (feedback) que ocasionalmente (e infelizmente) foram acompanhando a
sua actuação e que retiram algum brilho ao espectáculo, a prestação dos galeses
(curiosamente também eles participantes na edição de 2012 do Festival de
Ortigueira) foi no entanto de grande qualidade e bastante interessante.
Actuação dos Jamie Smith's
Mabon (País de Gales).
Esta foi sem dúvida uma noite plena em termos de revelações e que
terminou com uma breve exibição dos Pauliteiros por entre o público,
encaminhando depois os mais corajosos até à Taberna dos Celtas para passarem o
resto da noite em festa... até se ouvirem os galos a cantar, já bem de
madrugada.
Breve exibição dos
Pauliteiros no Parque das Eiras.
Por último, uma boa notícia para os seguidores do Festival Intercéltico
de Sendim é a sua integração numa rede europeia de festivais dedicados à música
de raiz folk e tradicional que engloba seis países: Portugal, Espanha, França,
Itália, Irlanda e Inglaterra.
Parabéns à organização!
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