quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aermacchi Harley-Davidson Ala Verde 250



A Aermacchi (Aeronautica Macchi) foi fundada em 1913 por Giulio Macchi para a construção de hidroaviões, sedeada nas margens do lago Varese, em Itália.

Abandonando o fabrico destes aparelhos durante a 2.ª Guerra Mundial, a actual Alenia Aermacchi dedica-se à produção de material aeronáutico para treino dos pilotos da Força Aérea Italiana, incluindo diversos tipos de aeronaves.



Relativamente pouco conhecida entre nós ao nível das duas rodas, embora com grande sucesso internacional na década de ’60 e especialmente na década de ’70, a sua ligação ao gigante Americano perece ser ainda mais estranha, nomeadamente se atendermos ao tipo de motas produzidas desde sempre por este famoso construtor, com os célebres motores V-Twin.



Um pouco de história



Logo após a II Guerra Mundial ter terminado, em 1945 a Aermacchi decidiu iniciar a sua produção em tempo de paz com um camião de três rodas (MB1) com um design pouco ortodoxo.

Posteriormente, antecipando o “boom” da industria motociclística e tencionando ter uma participação activa na mesma, os responsáveis pela Aermacchi procuraram um bom designer que conseguisse produzir uma mota atraente e leve.

A sua escolha recaiu em Tonti Lino, que havia estado na Benelli e havia trabalhado em motores de aviões durante a guerra, que concebeu a primeira mota com um motor a 2 tempos de 125cc, produzida em 1950.


1951 Aermacchi Monsone

Em 1955, fazendo pleno uso do túnel de vento e outros recursos que a departamento de aeronáutica da empresa lhe proporcionava, Tonti concebeu uma moto tipo “flying cigar” propulsionada por motores duplos OHC de 48cc e 75cc que bateu o recorde do mundo de velocidade terrestre em 1956, pilotada por Massimo Pasolini, à velocidade de 100,2 mph (161,26 km/h) para a milha lançada e 108,8 mph (175,10 km/h) para o quilómetro lançado.

Com a máquina de 50cc, foi batido o record para a milha à velocidade de 51,25 mph (82.48 km/h).


1956 75cc Aermacchi record holder

As motos produzidas pela Aermacchi foram muito bem sucedidas no mercado pós-guerra Italiano, também graças às suas repetidas participações nas pistas de corrida.

Nos anos ’60, a empresa concebeu e produziu modelos que incorporam a palavra Italiana “Ala” (Asa) na sua designação, como “Ala Verde”, “Ala Blu” e “Ala d'Oro” (“Asa verde”, “Asa azul” e “Asa Dourada”, respectivamente).



Foi também por esta altura que 50% das acções da Aermacchi foi adquirida pela Harley-Davidson para produzir, na sua fábrica de montagem em Schiranna (perto de Varese), vários modelos das motos pequenas (com motores de cilindrada entre 125cc e 350cc) para o mercado europeu e americano.



Esta foi uma tentativa de recuperar sectores de mercado que estavam cada vez mais a ser tomados pelos fabricantes japoneses, como a Honda e a Yamaha.

Baseado no motor OHV de 250cc do modelo Asa Dourada melhorado por Alfredo Bianchi, em 1964 a Harley-Davidson bateu o record mundial de velocidade.


1964 Aermacchi/Harley-Davidson SC-250 record holder

A Aermacchi passou a ter sucesso nos Grandes Prémios de motociclismo com o piloto Renzo Pasolini (filho de Massimo Pasolini), tendo terminado o Campeonato Mundial de 250cc no ano de 1972 na 2.ª posição (vice campeão).



Após 1974, quando o fabricante americano adquiriu o controlo total da companhia Italiana, a Aermacchi/Harley-Davidson venceu o Campeonato Mundial da classe de 250cc durante três anos consecutivos, em 1974, 1975 e 1976, com o piloto Walter Villa aos comandos do modelo RR-250, e ainda a classe de 350cc em 1976.



Após a aquisição da Harley-Davidson pela AMF (American Machine & Foundry) em 1978, a empresa foi vendida aos irmãos Castiglioni, fundadores da Cagiva (Castiglioni Giovanni Varese), que continuou a produzir motos com motores desde 125cc até 350cc com a designação "HD Cagiva" até 1980.

Aermacchi Harley-Davidson Ala Verde 250 (pré 1970)









Aermacchi Harley-Davidson Ala Verde 250 (pós 1970)





A colecção de Carmona Rodrigues

A maior parte de nós já o conhece como figura política mas poucos sabem que Carmona Rodrigues é também, entre outras coisas, um apaixonado de motos clássicas, em geral, e de italianas, em particular.



Da sua colecção fazem parte duas Aermacchi Harley-Davidson Ala Verde 250 de 1966 e 1967 restauradas pelo próprio (na foto com as duas filhas mais velhas), encontrando-se uma terceira em trabalho de restauro.



A sua grande paixão por esta marca levou-o a ser o representante do Aermacchi MotorClub no nosso país e grande amigo do fundador, o Holandês Jaap de Jong.



Para saber mais: Aermacchi World e Motomacchi

1 comentário:

  1. Este blog é para mim muito interessante, pois, desde a sua comercialização em Portugal, nos anos 60, que sou um apaixonado pelas Ala Verde e Rossa.
    Quando, posteriormente, apareceram os modelos de maior cilindrada, nos anos 70, já o meu interesse foi muito menor, nomeadamente devido a alguma descaracterização dos mesmos.
    No entanto, o interesse atual é tb elevado.
    Gostaria de entrar em contato com outras pessoas que gostem deste tema específico
    O meu mail é jcvirgilio@hotmail.com

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