terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Paulo Gonçalves RIP

“Ninguém deixa um amigo para trás em pleno deserto”.

O piloto português Paulo Gonçalves faleceu durante a 7.ª etapa da edição de 2020 do Rali Dakar na Arábia Saudita. Aos 40 anos de idade, “Speedy” Gonçalves como também é conhecido, sofreu uma queda ao km 276 e nem as várias tentativas de reanimação realizadas pelos médicos no local foram suficientes para reverter o estado de paragem cardiorrespiratória em que se encontrava, vítima de lesões graves na cabeça, pescoço e coluna. O óbito foi posteriormente confirmado já no hospital de Layla, para onde foi transportado de helicóptero.

Paulo Gonçalves (1979-2020). Via 

Natural de Esposende, Paulo Gonçalves (o piloto que conta com mais títulos nacionais no historial da Federação de Motociclismo de Portugal) tem um currículo verdadeiramente impressionante: 13 títulos de Campeão Nacional de Motocross, 6 títulos de Campeão Nacional de Supercross, 4 de Campeão Nacional de Enduro, 1 de Todo-o-Terreno, 1 de Campeão do Mundo de Ralis TT, 1 de vice-campeão de Motocross, 1 de vice-campeão de Supercross, 3 de vice-campeão Nacional de Enduro e três medalhas de Ouro nos Seis Dias de Enduro.

Campeão do Mundo de Ralis TT (2013). Via

Esta era a sua 13.ª participação no Rali Dakar, onde obteve como melhor resultado um brilhante 2.º lugar na edição de 2015, uma das quatro vezes em que terminou entre os dez primeiros. Fez a sua estreia na prova em 2006 e era dos poucos a competir num terceiro continente distinto.

Caracterizado por ser bastante combativo mas sempre de grande coração, “Speedy” Gonçalves demonstrou em diversas ocasiões o verdadeiro espírito do Dakar, ajudando outros concorrentes, mesmo de equipas rivais, por vezes até prejudicando a sua prova. Ficaram famosas as suas acções de fair play junto de pilotos como o francês Cyril Despres em 2012 (depois de o ter ajudado a sair de um lamaçal, fica sem a ajuda deste para sair da ratoeira onde ambos foram apanhados), o português Rúben Faria em 2014 (parou para o assistir até à chegada do helicóptero, depois de Faria ter sofrido uma violenta queda onde embateu com a cabeça no solo e chegou inclusive a perder os sentidos) ou o austríaco Matthias Walkner em 2016 (que caiu e ficou imobilizado no local com a tíbia fracturada, aguardando junto dele até à chegada da assistência médica), entre outros.

Um grande piloto e um grande homem.

R.I.P.

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