quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Dakar 2014 – Hélder Rodrigues em quinto

A armada lusa que concluiu a mítica maratona do todo-terreno teve mais uma boa participação nas duas rodas (dentro do top 30), numa edição marcada pela (excessiva) dureza, em especial durante a primeira metade da prova, com alguns pilotos a apresentarem sinais de fadiga extrema e desidratação, e onde o piloto belga Eric Palante de 50 anos veio infelizmente a falecer durante a 5.ª etapa.
No final, a vitória sorriu mais uma vez à KTM (a 13.ª consecutiva) através do piloto espanhol Marc Coma, que assim conquista o seu 4.º triunfo no Dakar. 


4 Pilotos portugueses no final do Dakar 2014. Via 

Mas nem tudo foram rosas para os motociclistas portugueses, longe disso, como aliás ficou demonstrado pela prematura desistência de Rúben Faria (KTM 450 Rally Factory #8) na 3.ª etapa, vítima de uma violenta queda onde embateu com a cabeça no solo e chegou mesmo a perder os sentidos. Foi depois evacuado de helicóptero para o hospital de San Juan com suspeita de traumatismo craniano, o que felizmente não se veio a confirmar.

Rúben Faria bastante maltratado devido a queda. Via 

Após alguns erros de navegação, algumas pequenas quedas e ter parado durante bastante tempo para assistir Rúben Faria até à chegada do helicóptero, Paulo Gonçalves (Honda CRF450 Rally #10) chegou bastante atrasado ao final dessa etapa (ficou a 2h13m do vencedor), baixando para o 28.º lugar da classificação geral. O Campeão do Mundo de Ralis TT não baixou os braços e encetou de imediato a recuperação (7.º classificado na etapa seguinte), até ter sido traído por um incêndio na sua Honda devido às altas temperaturas e ao acumular de vegetação seca junto ao motor, quando seguia na frente da 5.ª etapa. 


A desolação de Paulo Gonçalves. Via 

Dois dos principais candidatos ao pódio final ficavam assim prematuramente afastados da competição, na qual os restantes pilotos nacionais também se debatiam com muitos problemas devido à extrema dureza das primeiras etapas da prova. 
Ora dos três pilotos portugueses que alinharam com maiores ambições, apenas restava Hélder Rodrigues (Honda CRF450 Rally #7) que seguia algo atrasado face ao topo da tabela (15.º lugar). Mas a partir da 5.ª etapa conseguiu acompanhar o ritmo dos mais rápidos e foi recuperando lugares que o levaram à 5.ª posição final (melhor piloto da Honda oficial), igualando os resultados de 2007 e 2009. 


5.º Lugar final para Hélder Rodrigues. Via 

Pedro Oliveira (Speedbrain 450 Rally #44) cumpriu o seu papel de “aguadeiro” do piloto Jeremias Israel Esquerre na equipa alemã Mapfre Speedbrain Team, até o chileno desistir na 10.ª etapa quando era 4.º colocado. Oliveira imprimiu um ritmo sustentado ao longo dos treze dias da maratona, conseguindo ser o 24.º, melhorando o resultado obtido em 2011.

24.º Lugar final para Pedro Oliveira. Via 

O portuense Pedro Bianchi Prata (Husqvarna TE 449 Rally #53) aplicou toda a sua experiência para cumprir mais uma vez todas as etapas do rali, terminando desta vez no 29.º posto, aos comandos da “husky” preparada pela sua equipa privada e 100% portuguesa, o Team Bianchi Prata. 
“É uma sensação incrível terminar um Dakar, e mesmo sendo esta a sétima vez é sempre especial para mim. Sofri muito para terminar a prova, desde problemas com a moto até a nível de saúde que me deixaram muito desgastado fisicamente na fase inicial da corrida e também na passagem pela Bolívia. Mas estou aqui em Valparaíso e muito feliz por isso, com o meu melhor resultado de sempre”.

29.º Lugar final para Pedro Bianchi Prata. Via 

Na sua segunda participação na prova, Mário Patrão (Suzuki RMZ 450 Rally #36) teve um desempenho positivo, com alguns resultados interessantes nos troços cronometrados, nomeadamente o 8.º lugar na sétima etapa. Sem as 2 horas de penalização sofridas, poderia ter acabado meia-dúzia de lugares mais acima. Assim, na classificação geral acabou em 30.º, precisamente a mesma posição obtida em 2013. 
“Estou contente por ter terminado mais um Dakar, duas participações e dois objetivos prioritários cumpridos”, afirmou Patrão. “Este ano trazia uma meta maior, queria melhorar o lugar do ano passado, acabei por igualá-lo, mas fiz boas etapas, apesar dos contratempos. Andei muito tempo em luta pelos quinze primeiros, o que mostra que com melhores condições e mais experiência é possível fazer um grande Dakar”.

30.º Lugar final para Mário Patrão. Via 

Por último, Victor Oliveira (Husqvarna TE 449 Rally #49), da equipa de Bianchi Prata, teve uma estreia azarada no Dakar e desistiu já perto do fim, na penúltima etapa, devido a insuperáveis problemas mecânicos. Aliás, ele foi mesmo o último piloto a abandonar a prova, onde apenas chegaram ao fim 78 concorrentes, menos de metade dos 174 que iniciaram o rali. 
Certamente que a experiencia adquirida em 2014 vai ajudar o piloto de Viana do Castelo em futuras edições.

Abandono na estreia de Victor Oliveira. Via 

A classificação geral das motas no Dakar Argentina-Bolívia-Chile 2014 ficou assim ordenada (top 10 + portugueses): 


Via 

Uma palavra final para os automóveis onde os pilotos portugueses não tiveram a sorte do seu lado, com a dupla Carlos Sousa/Miguel Ramalho (Haval #306) ainda a vencer a etapa inicial mas a abandonar na 3.ª etapa devido a problemas no turbo do Great Wall. Já a dupla Francisco Pita/Humberto Gonçalves (Buggy SMG #372) também ficou pelo caminho na mesma 3.ª etapa com a junta da cabeça do motor queimada no buggy SMG Chevrolet.

Melhores sortes tiveram os copilotos lusos dos Mini ALL4Racing conduzidos por Orlando Terranova (#307) e Martin Kaczmarski (#332), terminando a prova no top 10, com Paulo Fiúza no 5.º lugar (venceu a 11.ª etapa) e Filipe Palmeiro na 9.ª posição. 

Fontes: Federação de Motociclismo de Portugal e Dakar

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