A armada lusa que concluiu a mítica maratona do todo-terreno teve mais
uma boa participação nas duas rodas (dentro do top 30), numa edição marcada
pela (excessiva) dureza, em especial durante a primeira metade da prova, com
alguns pilotos a apresentarem sinais de fadiga extrema e desidratação, e onde o
piloto belga Eric
Palante de 50 anos veio infelizmente a falecer durante a 5.ª etapa.
No final, a vitória sorriu mais uma vez à KTM (a 13.ª consecutiva)
através do piloto espanhol Marc Coma, que assim conquista o seu 4.º triunfo no Dakar.
4 Pilotos portugueses no
final do Dakar 2014. Via
Mas nem tudo foram rosas para os motociclistas portugueses, longe disso,
como aliás ficou demonstrado pela prematura desistência de Rúben Faria (KTM 450
Rally Factory #8) na 3.ª etapa, vítima de uma violenta queda onde embateu com a
cabeça no solo e chegou mesmo a perder os sentidos. Foi depois evacuado de
helicóptero para o hospital de San Juan com suspeita de traumatismo craniano, o
que felizmente não se veio a confirmar.
Rúben Faria bastante maltratado
devido a queda. Via
Após alguns erros de navegação, algumas pequenas quedas e ter parado
durante bastante tempo para assistir Rúben Faria até à chegada do helicóptero, Paulo
Gonçalves (Honda CRF450 Rally #10) chegou bastante atrasado ao final dessa
etapa (ficou a 2h13m do vencedor), baixando para o 28.º lugar da classificação
geral. O Campeão
do Mundo de Ralis TT não baixou os braços e encetou
de imediato a recuperação (7.º classificado na etapa seguinte), até ter sido traído
por um incêndio na sua Honda devido às altas temperaturas e ao acumular de
vegetação seca junto ao motor, quando seguia na frente da 5.ª etapa.
A desolação de Paulo
Gonçalves. Via
Dois dos principais candidatos ao pódio final ficavam assim
prematuramente afastados da competição, na qual os restantes pilotos nacionais
também se debatiam com muitos problemas devido à extrema dureza das primeiras
etapas da prova.
Ora dos três pilotos portugueses que alinharam com maiores ambições,
apenas restava Hélder Rodrigues (Honda CRF450 Rally #7) que seguia algo
atrasado face ao topo da tabela (15.º lugar). Mas a partir da 5.ª etapa
conseguiu acompanhar o ritmo dos mais rápidos e foi recuperando lugares que o
levaram à 5.ª posição final (melhor piloto da Honda oficial), igualando os
resultados de 2007 e 2009.
5.º Lugar final para Hélder
Rodrigues. Via
Pedro Oliveira (Speedbrain 450 Rally #44) cumpriu o seu papel de
“aguadeiro” do piloto Jeremias Israel Esquerre na equipa alemã Mapfre
Speedbrain Team, até o chileno desistir na 10.ª etapa quando era 4.º colocado. Oliveira
imprimiu um ritmo sustentado ao longo dos treze dias da maratona, conseguindo
ser o 24.º, melhorando o resultado obtido em 2011.
24.º Lugar final para Pedro
Oliveira. Via
O portuense Pedro Bianchi Prata (Husqvarna TE 449 Rally #53) aplicou
toda a sua experiência para cumprir mais uma vez todas as etapas do rali, terminando
desta vez no 29.º posto, aos comandos da “husky” preparada pela sua equipa
privada e 100% portuguesa, o Team Bianchi Prata.
“É uma
sensação incrível terminar um Dakar, e mesmo sendo esta a sétima vez é sempre
especial para mim. Sofri muito para terminar a prova, desde problemas com a
moto até a nível de saúde que me deixaram muito desgastado fisicamente na fase
inicial da corrida e também na passagem pela Bolívia. Mas estou aqui em
Valparaíso e muito feliz por isso, com o meu melhor resultado de sempre”.
29.º Lugar final para Pedro
Bianchi Prata. Via
Na sua segunda participação na prova, Mário Patrão (Suzuki RMZ 450 Rally
#36) teve um desempenho positivo, com alguns resultados interessantes nos
troços cronometrados, nomeadamente o 8.º lugar na sétima etapa. Sem as 2 horas
de penalização sofridas, poderia ter acabado meia-dúzia de lugares mais acima.
Assim, na classificação geral acabou em 30.º, precisamente a mesma posição
obtida em 2013.
“Estou
contente por ter terminado mais um Dakar, duas participações e dois objetivos
prioritários cumpridos”, afirmou Patrão. “Este ano trazia uma meta maior,
queria melhorar o lugar do ano passado, acabei por igualá-lo, mas fiz boas
etapas, apesar dos contratempos. Andei muito tempo em luta pelos quinze
primeiros, o que mostra que com melhores condições e mais experiência é
possível fazer um grande Dakar”.
30.º Lugar final para Mário
Patrão. Via
Por último, Victor Oliveira (Husqvarna TE 449 Rally #49), da equipa de
Bianchi Prata, teve uma estreia azarada no Dakar e desistiu já perto do fim, na
penúltima etapa, devido a insuperáveis problemas mecânicos. Aliás, ele foi
mesmo o último piloto a abandonar a prova, onde apenas chegaram ao fim 78
concorrentes, menos de metade dos 174 que iniciaram o rali.
Certamente que a experiencia adquirida em 2014 vai ajudar o piloto de
Viana do Castelo em futuras edições.
Abandono na estreia de
Victor Oliveira. Via
A classificação geral das motas no Dakar Argentina-Bolívia-Chile 2014
ficou assim ordenada (top 10 + portugueses):
Via
Uma palavra final para os automóveis onde os pilotos portugueses não
tiveram a sorte do seu lado, com a dupla Carlos Sousa/Miguel Ramalho (Haval #306) ainda a vencer
a etapa inicial mas a abandonar na 3.ª etapa devido a
problemas no turbo do Great Wall. Já a dupla Francisco Pita/Humberto
Gonçalves (Buggy SMG #372) também ficou pelo caminho na mesma 3.ª etapa com a junta da cabeça do motor queimada no buggy SMG
Chevrolet.
Melhores sortes tiveram os copilotos lusos dos Mini ALL4Racing conduzidos
por Orlando Terranova (#307) e Martin Kaczmarski (#332), terminando a prova no
top 10, com Paulo Fiúza no 5.º lugar (venceu a 11.ª etapa) e Filipe Palmeiro na
9.ª posição.
Fontes: Federação de Motociclismo de Portugal e Dakar
Sem comentários:
Enviar um comentário