O céu apresentava-se com algumas nuvens mas sem chuva, as bancadas estavam completamente lotadas (num total de mais de 87.000 espectadores ao longo dos três dias – um recorde) e a temperatura com valores agradáveis. Estavam assim reunidas as condições para um GP de Portugal em grande, o que felizmente veio a acontecer, com excelentes corridas e muita animação. Um sucesso!
É pena que a organização só agora tenha percebido (naquela que se anuncia como sendo a última edição) que não é com bilhetes a preços elevados que se consegue a tão desejada adesão massiva do público. No entanto ainda há coisas a melhorar ao nível da promoção e da cobertura do evento por parte dos meios de comunicação social (especialmente da televisão), bem como na resolução de algumas falhas importantes ao nível das condições oferecidas aos espectadores para o acompanhamento das corridas (especialmente na bancada A onde estive... supostamente a principal!).
Assim, é notória a fraca qualidade do sistema de som instalado (quase nunca se percebe o que o “speaker” diz... mesmo sem as motas a passar!), bem como a falta de informação sobre a posição dos pilotos nos treinos e nas corridas (bastava colocar um painel vertical perto da linha de meta com os números dos pilotos ordenados de acordo com a posição ocupada, ou disponibilizar um modo de acesso local à classificação através das tecnologias de informação, por exemplo).
Em termos desportivos, Miguel Oliveira obteve o 3.º melhor tempo no treino de qualificação de Sábado e garantiu assim a presença na primeira fila da grelha de partida. Na corrida de Domingo e após a negociação da primeira curva surgiu no 4.º posto, mas ainda na volta inaugural ultrapassou um adversário. Depois, ascendeu à 2.ª posição na passagem seguinte ao circuito. Porém, no início da terceira volta surgiu a avaria que levou o piloto português a entrar na boxe, onde consumou a desistência.
“Ainda não encontrámos o problema, ainda estamos a investigar”, declarou Oliveira após o final da corrida, admitindo que a avaria possa ter origem no amortecedor de direcção ou na suspensão dianteira. Quando o problema surgiu, “de repente não conseguia virar a direcção, estava bastante dura”. Um desfecho inglório, frustrando as expectativas do piloto: “Estou decepcionado. Esperava mais, principalmente quando sabemos que não é erro humano, mas há que manter espírito positivo”, rematou Oliveira, desejoso de excomungar o azar já na próxima corrida, dia 20 de Maio em Le Mans, onde chegará no 14.º posto do Campeonato.
Na luta pela liderança, registou-se aceso despique entre Sandro Cortese e Maverick Viñales, com sucessivas alternâncias de posição. No sprint final, o italiano levou a melhor por escassos 55 milésimos de segundo, enquanto Luís Salom completou o pódio da classe.
Via
Campeonato: 1.º Sandro Cortese (KTM) 57 pontos; 2.º Maverick Viñales (FTR Honda) 55 pontos; 3.º Luis Salom (Kalex KTM) 49 pontos; 4.º Romano Frenati (FTR Honda) 45 pontos; 5.º Zulfami Khairuddin (KTM) 29 pontos; 6.º Alex Rins (Suter Honda) 28 pontos; ... 14.º Miguel Oliveira (Suter Honda) 11 pontos; etc.
As restantes corridas
Como já vem sendo hábito, “nuestros hermanos” marcaram uma forte presença no Estoril aplaudindo (efusivamente) os seus ídolos das duas rodas, tendo sido premiados com a presença de 2 pilotos espanhóis em cada um dos pódios das diferentes classes, através de Jorge Lorenzo e Dani Pedrosa (2.º e 3.º lugares em MotoGP), Marc Marquez e Pol Espargaró (1.º e 2.º lugar em Moto2), Maverick Viñales e Luis Salom (2.º e 3.º lugar em Moto3). Impressionante!
Na “classe-rainha”, o actual campeão do mundo tinha a pole position e liderou sistematicamente toda a corrida, sempre seguido de perto por Jorge Lorenzo, acabando separados por 1,4s. Aliás, o ordenamento dos sete primeiros permaneceu estável a partir da sexta volta, com Dani Pedrosa a cruzar a meta na 3.ª posição, 3,6s depois de Stoner, repetindo-se o pódio de Jerez. O australiano conseguiu assim sua primeira vitória no Circuito do Estoril em MotoGP. Quanto ao italiano Valentino “Il Dottore” Rossi (sempre muito acarinhado pelo público), terminou na 7.ª posição da geral e pela primeira vez nesta temporada ficou à frente do seu companheiro de equipa, Nicky Hayden.
Em Moto2, Marc Marquez saiu da primeira posição da grelha e surgiu inicialmente na dianteira, mas depois Thomas Luthi encabeçou o pelotão durante a maior parte da corrida. Porém, à vigésima volta Marquez recuperou o comando para vencer, enquanto Pol Espargaró subiu ao 2.º lugar, remetendo Luthi para a 3.ª posição final.
Na “Red Bull Rookies Cup”, que se disputa paralelamente às corridas do “mundial”, Ivo Lopes aos comandos da sua KTM 125 teve uma magnífica prestação nos treinos, garantindo a pole position para as duas corridas. Após ter conquistado um 4.º lugar na corrida de Sábado, a expectativa para Domingo era grande e Ivo Lopes envolveu-se novamente na discussão pelos lugares cimeiros, mas um adversário caiu e a sua moto abalroou o piloto português, que também foi “ao tapete”, colocando um prematuro ponto final numa boa actuação no Autódromo do Estoril.
Será que para o ano há mais? Esperemos que sim...
Fonte: Federação de Motociclismo de Portugal
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