No seu segundo ano com a equipa satélite da Aprilia, agora americana e
denominada Trackhouse Racing, tudo fazia querer que a competitividade de Miguel Oliveira aos
comandos da moto italiana, alegadamente idêntica às RS-GP24 de fábrica e com o
credenciado Davide Brivio a gerir a equipa ao lado de Wilco Zeelemberg, iria dar
um salto qualitativo em termos de performance relativamente ao ano anterior.
E se em 2023
foi a versão da moto de 2022 (RS-GP22) a condicionar a sua prestação, não deixa
de parecer um pouco estranho que em 2024, e já com a RS-GP24, não tenha conseguido
obter os desejados bons resultados. Ainda mais quando o menos experiente colega
de equipa, o espanhol Raúl Fernández, conseguiu ser melhor em diversas corridas
com a versão da moto de 2023 (RS-GP23)! Uma coisa é certa, é sabido que Miguel
Oliveira só ataca em pleno quando confia a 100% na moto...
Apesar de tudo, a sua consistência ao longo dos GP em que participou foi
assinalável, pontuando praticamente em todos eles, em especial nas corridas de
domingo. Curiosamente, o seu melhor resultado da época foi um segundo lugar
obtido na corrida Sprint do GP Alemanha, no Circuito Sachsenring,
terminando entre os dois principais candidatos ao título em 2024, Jorge Martin
(Prima Pramac Ducati) e Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team).
Mas o infortúnio viria uma vez mais a assolar o piloto de Almada. No
Treino Livre 1 do GP da Indonésia, no Circuito de Mandalika, Miguel Oliveira
sofreu um highside bastante violento e aparatoso na transição entre as
curvas 3 e 4. Imediatamente deu sinais de que estaria lesionado, e a passagem
pelo Centro Médico do circuito confirmou o pior cenário: fractura no pulso
direito.
O piloto português da Trackhouse Racing falhou assim devido a lesão, ou
melhor, devido a estar a recuperar da operação a que foi submetido devido à
queda na Indonésia, nada menos do que cinco rondas do calendário. Basicamente o
#88 esteve ausente durante toda a fase asiática da temporada.
Depois de estar tanto tempo fora de ação, e mesmo sem ter o pulso a
100%, Miguel Oliveira fez todos os possíveis para participar no último GP do
ano, o Grande Prémio da Solidariedade, e despedir-se da Trackhouse Racing e da
Aprilia em pista, e não fora dela.
Aqui fica o resumo da prestação de Miguel Oliveira nos 20 Grandes
Prémios de MotoGP que fizeram parte da temporada de 2024:
9, 10 Março - GP Qatar (Circuito Losail)
Sprint
– 13.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 15.º lugar (1 pt.).
23, 24 Março - GP Portugal (Autódromo Internacional do Algarve)
Sprint
– 12.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 9.º lugar (7 pts.).
13, 14 Abril - GP Américas (Circuito das Américas)
Sprint
– 11.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 11.º lugar (5 pts.).
27, 28 Abril - GP Espanha (Circuito Jerez de La Frontera)
Sprint
– 8.º lugar (2 pts.).
Corrida
– 8.º lugar (8 pts.).
11, 12 Maio - GP França (Circuito Bugatti-Le Mans)
Sprint
– 11.º lugar (0 pts.).
Corrida
– Abandono [problema técnico] (0 pts.).
25, 26 Maio - GP Catalunha (Circuito Barcelona-Catalunha)
Sprint
– Abandono [queda] (0 pts.).
Corrida
– 10.º lugar (6 pts.).
1, 2 Junho - GP Itália (Circuito Mugello)
Sprint
– Abandono [queda] (0 pts.).
Corrida
– 14.º lugar lugar (2 pts.).
29, 30 Junho - GP Países Baixos (Circuito Assen)
Sprint
– 12.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 15.º lugar (1 pt.).
6, 7 Julho - GP Alemanha (Circuito Sachsenring)
Sprint
– 2.º lugar (9 pts.).
Corrida
– 6.º lugar (10 pts.).
– Pausa de Verão –
3, 4 Agosto - GP Grã-Bretanha (Circuito Silverstone)
Sprint
– 10.º lugar (0 pts.).
Corrida
– Abandono [queda involuntária] (0 pts.).
17, 18 Agosto - GP Áustria (Circuito Red Bull Ring)
Sprint
– 13.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 12.º Lugar (4 pts.).
31 Agosto, 1 Setembro - GP Aragão (Circuito Motorland Aragón)
Sprint
– 5.º lugar (5 pts.).
Corrida
– Abandono [queda] (0 pts.).
7, 8 Setembro - GP São Marino (Circuito Misano)
Sprint
– 15.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 11.º lugar (5 pts.).
21, 22 Setembro - GP Emília Romana (Circuito Misano)
Sprint
– 11.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 10.º lugar (6 pts.).
28, 29 Setembro - GP Indonésia (Circuito Pertamina Mandalika)
Sprint
– Não participou [lesionado].
Corrida
– Não participou [lesionado].
5, 6 Outubro - GP Japão (Circuito Mobility Resort Motegi)
Sprint
– Não participou [lesionado].
Corrida
– Não participou [lesionado].
19, 20 Outubro - GP Austrália (Circuito Phillip Island)
Sprint
– Não participou [lesionado].
Corrida
– Não participou [lesionado].
26, 27 Outubro - GP Tailândia (Circuito Chang International)
Sprint
e Corrida – Não participou [lesionado].
2, 3 Novembro - GP Malásia (Circuito Sepang)
Sprint
– Não participou [lesionado].
Corrida
– Não participou [lesionado].
16, 17 Novembro – GP Solidariedade (Circuito Barcelona-Catalunha)
Sprint
– 18.º lugar (0 pts.).
Corrida
– 12.º lugar (4 pts.).
Classificação final: 1.º Jorge Martin (Prima Pramac Ducati – #89), 508
pts.; 2.º Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team – #1), 498 pts.; 3.º Marc Márquez
(Gresini Racing – #93), 392 pts.; 4.º Enea Bastianini (Ducati Lenovo Team – #23),
386 pts.; 5.º Brad Binder (Red Bull KTM Factory – #33), 217 pts.; ... ; 15.º Miguel Oliveira (Trackhouse Racing – #88), 75 pts.; etc.
Nas contas finais do campeonato, o piloto espanhol Jorge Martin, após intensa
luta com o campeão em título Francesco Bagnaia até à última corrida do último
Grande Prémio da temporada, conseguiu finalmente conquistar o almejado
Campeonato do Mundo de MotoGP, sagrando-se assim pela primeira vez campeão da
categoria rainha do motociclismo de velocidade.
Esta vitória é também importante pois o ‘Martinator’ (como é chamado
pelos seus fans) consegue ser o primeiro piloto da era moderna do MotoGP
a sagrar-se campeão enquanto piloto de uma equipa independente. O último a
conseguir esse feito foi Valentino Rossi, em 2001.
Terminou assim a temporada 2024 de MotoGP, e terminou também a
passagem de Miguel Oliveira pela Aprilia e, neste caso, pela equipa satélite
Trackhouse Racing. Dois anos depois de se ter mudado para os comandos do
protótipo da casa de Noale, o piloto português despede-se da sua equipa e da
marca italiana.
Mas enquanto se fecha um capítulo na sua carreira, Miguel Oliveira irá dar
início a um novo desafio. O piloto luso assinou um contrato de dois anos com a
Yamaha Racing, que o colocará a competir pela nova equipa satélite Prima Pramac
Yamaha Factory Team. Em 2025 terá como companheiro de box o piloto australiano Jack
Miller.
A estrutura de Paolo Campinoti terá no piloto português alguém que sabe
qual a sua missão em pista: ajudar a equipa a obter resultados, mas também
cumprir com as necessidades da Yamaha Racing no que diz respeito ao
desenvolvimento da YZR-M1.
Miguel Oliveira com a sua
nova Yamaha YZR-M1 da Prima Pramac Yamaha Factory Team (teste em Barcelona). Via
Sobre o seu futuro e esse novo desafio, Miguel Oliveira faz questão de
destacar que “Queria estar num projeto que pudesse vencer, ser tido em
conta, e acredito que na Yamaha vou conseguir isso. Senti da parte da equipa
uma grande vontade de me apoiar com uma boa estrutura e material competitivo”.
Força Miguel!
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