Ao passar em frente de uma loja de moda masculina numa rua da zona
“chique” de Lisboa, algo fez despertar a minha atenção. E não, não foram as linhas
clássicas e sofisticadas da roupa que me fizeram parar e ficar alguns minutos a
contemplar a montra.
É que aqui estava exposta uma extraordinária Vincent Rapide 1.000 cc do
início da década de 1950, modelo este que, à data, ostentava o “título” de moto
de produção mais rápida a nível mundial.
Desconhecendo qual o seu (feliz) proprietário, este exemplar em
particular parece ser a Vincent Rapide de 1953 da colecção
de Frederico Valsassina. Será que é a mesma moto?
Para
qualquer apreciador de motas clássicas, a Vincent é
sinónimo de qualidade, inovação, performance e desejo. Considerada
por muitos como o expoente máximo da engenharia britânica nas duas rodas
durante e após a 2.ª Guerra Mundial, a marca inglesa foi estabelecida por Philip
Vincent em 1928, ano em que adquiriu a HRD
à OK-Supreme
(que por sua vez a tinha adquirido ao fundador Howard Raymond Davies),
criando a Vincent HRD. Mais tarde abandonaria a sigla HRD, passando a
designar-se apenas por Vincent.
A Vincent Rapide foi concebida
por Phil
Irving e produzida em Stevenage (Hertfordshire, Inglaterra). Foram construídas quatro versões principais, rotuladas de Série A
a D (a designação Série D nunca foi oficialmente usada pela fábrica). A Rapide fez
a sua aparição em 1936 e foi fabricada até 1939 (Série A). A
produção foi retomada em 1946 e terminou em 1955 (Série B, C e D).
Um dos modelos mais desejados era a Rapide Série C (motor V-twin a 50º
de 998 cc com 45 hp de potência e velocidade máxima superior a 170 km/h), em especial
a famosa Vincent Black
Shadow de 1948 com o motor (pintado de preto) com 55 hp, cuja velocidade
máxima ultrapassava os 200 km/h.
Uma versão modificada de fábrica da Black Shadow deu origem à “ready to
race” Vincent
Black Lightning, com o V-twin a debitar 70 hp e uma velocidade máxima de
240 km/h. Esta configuração permitiu a Roland
"Rollie" Free bater o recorde
americano de velocidade nas Bonneville Salt Flats, onde atingiu 150.313 mph
(241,905 km/h)... completamente deitado sobre a moto e praticamente sem
roupa (!!!), originando uma das mais famosas fotos da historia do motociclismo,
conhecida como bathing
suit bike (moto do fato-de-banho).
Após a 2.ª Guerra Mundial, a quebra de vendas de motos mais caras foi-se
acentuando. A Vincent sempre recusou comprometer a qualidade das suas motos, o que,
infelizmente, fez com que mantivesse os preços elevados, acabando por ditar o seu
encerramento em 1956 (a marca foi muitas vezes acusada de ter sido vítima de
“over engineering”).
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