A organização do Cascais Classic Motorshow de 2015, a cargo do Automóvel Clube de Portugal em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, conseguiu reunir cerca de 55 automóveis no III Concurso de Elegância Automóvel, agrupados por nove categorias, com participantes e jurados vindos da Suécia, Inglaterra, Holanda, Espanha e Itália.
Entre eles, encontravam-se várias raridades e algumas verdadeiras preciosidades, tais como o Panhard et Levassor que chegou a terras lusas em 1895, há precisamente 120 anos, pela mão do Conde de Avilez e foi o primeiro automóvel a circular em Portugal (pertence ao ACP e encontra-se habitualmente no Museu de Transportes e Comunicações do Porto), ou os dois Alfa Romeo Giulietta Spider de 1955: um protótipo Bertone (chassis n.º 0004 e um dos dois exemplares produzidos) e um pré-série Pininfarina (chassis n.º 0007), ambos da Coleção Lopresto, uma das mais prestigiadas a nível europeu. A exibição conjunta destes dois veículos foi uma estreia mundial, uma vez que nunca estiveram expostos em conjunto.
Mas nem só os automóveis estiveram presentes no Hipódromo de Cascais, já que, embora em menor numero, as duas rodas também marcaram presença, inseridas no I Concurso de Elegância de Motociclos.
Sete belos exemplares estiveram a concurso, abrangendo os anos de 1902 a 1973, juntamente com três conjuntos mota+sidecar dos anos 1947 a 1959.
O júri, composto por Norberto Pedroso e António Pinheiro Torres, atribuiu o Prémio de Preservação à Rudge Special (1934) de Carlos Paes Vasconcelos e o Prémio de Restauro à Zundapp K601 Sidecar Steib TR500 (1959) de Frederico Valsassina.
Logo ali ao lado, no Parque Marechal Carmona, os amantes e curiosos dos clássicos tinham ao seu dispor uma zona de exposições vintage, com destaque para uma mostra de viaturas dos Bombeiros Voluntários do Dafundo, bem como diversos expositores dedicados ao tema dos clássicos com brinquedos, livros, automobilia, entre outros.
Num dos expositores encontrava-se mais uma BMW R50 Sidecar, mas esta do ano de 1968:
Outra das actividades que integrou o III Cascais Classic Motorshow e que despertou bastante interesse por parte do público foi a 1.ª edição do Quilómetro Lançado de Cascais disputado na Avenida da República (sentido ascendente), cujo regulamento admitia inicialmente a participação de veículos construídos até 31 de Dezembro de 1924, data que foi posteriormente alterada para 31 de Dezembro de 1930 através de um aditamento ao regulamento.
Uma das situações curiosas (que certamente passou despercebida a
muitos dos presentes) ocorreu quando o speaker
da organização deu início à prova com um “Boa
tarde a todos, bem-vindos ao Quilómetro Lançado de Valada... hmm... de Cascais”!
Esta
pequena gafe surgiu numa clara alusão ao Quilómetro
Lançado de Valada, um evento que foi recuperado em 2006 para celebrar o
Centenário da primeira prova de velocidade pura realizada no nosso país, em
Março de 1906, que teve inclusive a presença da família Real (Rei D. Carlos I e
Rainha D. Amélia). A prova decorreu na EN3-2 que liga a Ponte do Reguengo à
Freguesia de Valada, e foi organizada conjuntamente pela Câmara Municipal do
Cartaxo, ACP e Junta de Freguesia de Valada.
Voltando à prova lançada de Cascais, a organização admitia motas
com data de fabrico até 31/12/1924, com carater de demonstração e sem
classificação final.
Assim,
compareceram a Wanderer de 1911 e a Werner de 1902 (também elas participantes
no já referido Quilómetro Lançado de Valada), as quais conseguiram entusiasmar
o muito público presente ao longo do percurso, apesar de apenas terem efetuado uma
única (e lenta LOL) passagem.
É realmente fantástico ver preciosidades como estas em funcionamento e a rolar na estrada, ao vivo e a cores, numa demonstração de dedicação e vontade por parte dos seus proprietários.
Seria interessante que se realizassem mais eventos em Portugal para motas antigas (e já agora para motas clássicas também), para que os exemplares que permanecem guardados em museus e colecções particulares do país pudessem ver a luz do dia e “esticar as pernas” de vez em quando. Afinal, elas foram criadas para isso mesmo, para circular nas estradas.
Fontes: ACP Clássicos, Câmara Municipal de Cascais, Jornal dos Clássicos
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