4.º Dia (23 de Junho) – 2.ª Etapa
Depois de uma noite bem dormida em Castelo de Vide, retomámos a estrada pela fresca da manhã (novamente um pouco antes das 07:30) para cumprir os 433,1 km da segunda etapa que nos levaria até à Vila Algarvia de Lagoa, atravessando as escaldantes planícies Alentejanas.
Este ano a caravana teve muito poucos cursos de água para atravessar a vau, à excepção da Ribeira da Seda na Herdade do Monte Redondo, onde deu para lavar a mota e para refrescar os pés graças à colocação do “pica” dentro de água, e que coincidiu com a avaria n.º 2 na mota do nosso companheiro (mais para a frente, em Santa Clara-a-Velha, houve outra oportunidade para molhar os pés, desta vez no Rio Mira).
Travessia a vau da Ribeira da Seda
Uns escassos metros após a saída da água, a Deauvalla não quis colaborar mais e recusou-se a trabalhar. A única solução foi tentar pegá-la de empurrão, o que foi conseguido, para umas centenas de metros mais à frente acontecer a mesma situação. Lá se conseguiu que a mota chegasse a Évora e onde, após a terceira paragem e a quase desistência de tentar chegar a Lagoa, contactámos o concessionário da Honda local, a Motodiana, que se prontificou a tentar resolver o problema apesar de já passar das 13:00 (hora de fecho ao Sábado). Afinal tudo não passou de uma bateria “nas lonas” que foi de imediato substituída.
Em terrenos da MotoXplorers – Toca a empurrar que ela pega...
Nas instalações da Motodiana em Évora – Felizmente que era só a bateria “nas lonas”
Mais uma vez a história do dia anterior repetiu-se, com outra paragem prolongada a obrigar o grupo a imprimir um ritmo bem mais vivo até ao final da etapa (quais 50 km/h, quais quê), no qual optámos por não “picar” nos dois controlos seguintes (dado o adiantado da hora), seguindo directamente para a Vidigueira onde nos esperava um almoço de gaspacho frio para combater a elevada temperatura que se fazia sentir.
Um gaspacho fresco para combater o calor ao almoço na Vidigueira
À medida que os quilómetros iam passando, as intermináveis e quentes estradas Alentejanas iam aos poucos ficando para trás e, por oposição, o Barlavento Algarvio tornava-se cada vez menos uma miragem. Os caminhos de terra (argh!) pela Serra de Silves levaram-nos até ao local onde será disputada a 10ª edição da chamada subida impossível, organizada desde 2002 pelo Moto Clube de Albufeira, que consiste tão-somente em tentar chegar ao topo de uma colina imensa e bastante íngreme em cima da mota, evitando a quase certa queda pelo caminho. Depois de ter avaliado bem o local, pensei cá para os meus botões: esta gente não bate bem da cabeça!
A ”subida impossível” na Serra de Silves – Não, o Lés-a-Lés não passou por aqui (safa...)
Prosseguindo numa toada bem mais calma, o road-book levou-nos até ao Concelho de Lagoa para a fase final da Etapa, passando pelo Sítio das Fontes, Estombar, Portimão (com um controlo na Moviflor, claro!), Ferragudo, Carvoeiro e finalmente a chegada a Lagoa já ao início da noite (sem direito a reportagem da Digital Mais TV).
Observando o pôr-do-sol no Farol de Ferragudo – I
A satisfação de concluir um Portugal de Lés-a-Lés (Lagoa)
Depois de um jantar de carne assada nas instalações da FATACIL (junto à N125) e para terminar em grande este longo e extenuante dia, nada melhor que fazermo-nos novamente à estrada para a viagem de regresso a casa, agora já por Vias Rápidas, ICs, IPs, AEs e que mais houvesse, chegando ao destino já na madrugada de Domingo.
Balanço final
A célebre frase “tudo está bem quando acaba bem” assenta aqui que nem uma luva, e devo dizer que consegui fazer as pazes com o Lés-a-Lés, a maior maratona mototurística da Europa. Mas então depois de tantas críticas à edição de 2009 e sem alterações de vulto para este ano, de repente já está tudo bem? A resposta é não. Mas tudo depende da forma como encaramos este desafio. Na minha opinião, o valor de € 150 para a inscrição continua a ser elevado, certas zonas do percurso parece que são feitas à medida daquelas motas tipo trail cuja marca tem uma ventoinha como símbolo (a única marca a ter assistência própria, vá-se lá saber porquê...), os quilómetros a percorrer são tantos que não há muito tempo para apreciar a natureza e o património (cerca de 12 horas de condução e 500 km por dia), e basta um pequeno contratempo para se tornar muito difícil terminar dentro do horário estipulado.
Mas se por vezes já não é fácil ultrapassar algumas das armadilhas do percurso com motas mais turísticas, o que dizer de alguns participantes que se lançam à aventura com motas que, digamos, não eram à partida as mais adequadas para este fim, tais como as irrequietas cinquentas a 2T (50cc), as clássicas Vespas (também a 2T), as ruidosas Harley-Davidson, as pesadas Honda Goldwing (e afins) e até as pouco manobráveis Yamaha V-Max! Estes sim, são os verdadeiros os heróis do Portugal de Lés-a-Lés.
Um bom exemplo dos verdadeiros heróis do Portugal de Lés-a-Lés
Feitas as contas, o balanço final do 13º Lés-a-Lés é positivo. Foram 961,6 km no total, sem ter quedas ou avarias a lamentar e que facilmente podiam ter acontecido (como pude testemunhar à saída de Monsanto, onde numa curva muito apertada no final de uma descida bastante acentuada tombaram duas motas), apesar de mais uma vez não ter conseguido ficar com a tarjeta totalmente preenchida pelos “picas” (pelo menos fiquei a conhecer o Lés-a-Lés by night!).
Observando o pôr-do-sol no Farol de Ferragudo – II (seis à partida, seis à chegada!)
Agora é só esperar pelo DVD lá mais para o Natal e aguardar pela 14.ª edição do Portugal de Lés-a-Lés, que irá para a estrada a 7 de Junho de 2012.
Até lá.
Fonte: Federação de Motociclismo de Portugal
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