Para qualquer apreciador de motas clássicas a marca Vincent HRD é sinónimo de qualidade, inovação, performance e desejo. Possuir um dos seus modelos não está ao alcance de todos (acima de tudo devido ao seu elevado preço), sendo a Vincent Série C uma das mais desejadas, especialmente a famosa Black Shadow de 1948 por ter sido considerada a mota de produção mais rápida do planeta naquele tempo.
A Vincent Rapide foi concebida no período da 2.ª Guerra Mundial, e a sua produção prolongou-se até meados dos anos 50 (1936-1955). O protótipo deste modelo foi a Série A apresentado em 1936, equipado com um motor V-Twin a 47,5 º que debitava 45 bhp (34 kW) de potência. O seu quadro incorporava a primeira suspensão traseira tipo cantilever, utilizada em todos os seguintes modelos da Vincent. Outras inovações incluíam o selector de velocidades de pé (em vez do selector de mão), a caixa de quatro velocidades (em vez de duas ou três) e o descanso lateral.
Com o aumento da potência verificou-se que a caixa de velocidades e a embraiagem não ligavam bem, tendo sido desenvolvida a Série B que utilizava tubos internos para óleo e a caixa de velocidades integrada na carcaça do motor. O ângulo entre os cilindros foi aumentado para 50 ° (em vez dos 47,5 º do motor da Série A), o que permitiu utilizar o motor como parte do quadro.
A Rapide utiliza como suspensão dianteira uma forquilha tipo “Girdraulic’’ (forquilhas “Girder” com amortecimento hidráulico). Os travões instalados na roda da frente e na roda de trás são de tambor duplo de 7 polegadas (180 mm) com uma maxila cada.
O banco traseiro é suportado por um sub-quadro até ao ponto pivô do quadro traseiro, proporcionando um assento semi-suspenso com 6 polegadas (150 mm) de curso. A Vincent utilizava rodas facilmente desmontáveis para facilitar a sua substituição ou dos pneus. A roda traseira é reversível e podiam ser adaptadas rodas dentadas de variados tamanhos para mudanças rápidas da relação de transmissão.
As letras ‘HRD’, que correspondem às iniciais do fundador da marca, o Britânico Howard Raymond Davies, foram descontinuadas em 1950, quando a Vincent pensou entrar no mercado Americano e para evitar a confusão com as letras ‘HD’ da marca Harley-Davidson.
Após a 2.ª Guerra Mundial, a quebra de vendas de motas mais caras foi-se acentuando, acabando por ditar o encerramento da Vincent em 1956. A marca recusou comprometer a qualidade, que, infelizmente, fez com que se mantivessem os preços elevados. A Vincent foi muitas vezes acusada de ter sido vítima de “over engineering”.
Ficam as imagens do “Crème de la Crème” das motas do período pós-guerra, sendo um autêntico hino à engenharia das duas rodas.
Pura contemplação...
Fonte: Southsiders Motorcycle Culture
Sem comentários:
Enviar um comentário