Via
Ainda que condicionada pela decisão tardia e pelo facto de não gostar de dormir no meio da confusão, felizmente que a questão do alojamento ficou resolvida a tempo.
Foi desde logo decidido que o percurso escolhido para a viagem
teria que ter características turísticas, pelo que as estradas nacionais foram
o caminho natural a seguir, com destaque para a famosa N2,
a nossa “estrada mãe”.
Sensivelmente
a 2/3 do percurso surgia a localidade de Vila de Rei e perto dela (cerca de
dois quilómetros a nordeste e em plena Serra da Melriça) encontra-se instalado o
Picoto da Melriça,
um marco trigonométrico com perto de 20 metros de altura que assinala o Centro
Geodésico de Portugal Continental.“Picoto da Melriça” – Centro Geodésico de Portugal Continental.
Depois de passar por localidades com nomes no mínimo curiosos como Venda da Gaita ou Picha, entramos no Distrito de Coimbra com as belas curvas da N2 a abrirem caminho pela xistosa Serra da Lousã até à Vila de Góis.
Esta vila com mais de oito séculos de existência está inserida
numa zona montanhosa de grande beleza paisagística, entre a Serra
do Rabadão e a Serra do Carvalhal, com o Rio Ceira a servir de elo de
ligação de todo o Concelho.
A acessibilidade
rodoviária é garantida através da já referida Estrada Nacional 2, que graças à
sua configuração e ao bom piso, proporcionou bons momentos aos comandos da VFR.Entrada principal da concentração (sim, há outra...) e local das inscrições.
A expressão “Em Góis, Tá-se Bem!” é uma máxima levada muito a sério pela organização, a cargo do Góis Moto Clube, que não se poupa a esforços para que todos os visitantes tenham as melhores condições durante a sua estadia no evento.
No entanto, fiquei com a sensação que todo este “ambiente de férias” que aqui se vive deixa um pouco para segundo plano o verdadeiro propósito deste tipo de eventos... uma Concentração de Motas!
Panorâmica de uma das zonas de acampamento.
Com a inscrição tratada (€ 20 preço único), entrei no recinto da concentração e procurei um local para estacionar a mota. O espaço livre já não era muito mas por entre as nuvens de pó levantadas pela passagem das motas lá consegui encontrar um “buraco” junto às tendas para deixar a VFR.
Verifiquei então que todo este local não é mais do que uma grande área de acampamento, onde os motociclistas podem colocar as suas tendas e motas para depois se dedicarem à sua actividade diária preferida... apanhar sol e ir a banhos nas apetecíveis águas do Rio Ceira!
Existe mesmo uma segunda entrada para a concentração, na outra margem do rio e depois da ponte, com acesso directo à feira, à zona da restauração/bares e ao palco/tenda electrónica, o que faz com que muitos estacionem as suas motas nas ruas perto desta entrada (fugindo assim à maior confusão e ao pó do recinto principal) e nem sequer acedam à concentração pela entrada principal durante todo o fim-de-semana...
Para os mais distraídos, Góis quase que pode ser confundida com uma concentração de campismo e caravanismo, tal a proliferação de tendas e roulottes instaladas nas imediações, bem como a indumentária de praia envergada pela grande maioria dos presentes!
Motociclistas a banhos no Rio Ceira.
Sempre num ambiente calmo e descontraído, diria mesmo quase familiar, a edição de 2014 foi, segundo dados da organização, a mais concorrida de sempre. Certamente que vários factores contribuíram para este sucesso, como o tempo solarengo e quente que se fez sentir, o mês de Agosto como mês de férias por excelência em Portugal, o feriado de sexta-feira (dia 15), a crise em que o país está mergulhado e que leva a que cada vez mais portugueses “vão para fora, cá dentro”, entre outros.
Em Góis ninguém anda perdido.
Muitas motas podem ser vistas durante todo este fim-de-semana em Góis e arredores, naturalmente, de todas as formas, cores e cilindradas, mas ouve algumas que, pela sua singularidade, me aguçaram os sentidos:
Rabeneick, provavelmente uma F250/2 (250cc) dos anos 50.
Honda CB 1300 Super Bol D'or.
Matchless, provavelmente uma G2 (250cc) dos anos 60.
Heinkel Tourist 103 A2 (175cc) dos anos 60.
A manhã de sábado foi dedicada a conhecer algumas das muitas belezas naturais da região, com destaque para as Praias Fluviais e as Aldeias de Xisto.
Saindo de Arganil em direcção a NE pela estrada N342, cerca de 12km depois surge a pacata Vila de Côja, conhecida como a “Princesa do Alva”, com a sua ponte antiga do estilo românico a ligar as duas margens do Rio Alva. Perto desta situa-se a magnífica Praia Fluvial do Caneiro, uma das grandes atracções turísticas locais que, por curiosidade, já foi um dos cenários do filme Aquele Querido Mês de Agosto de Miguel Gomes (2008).
Côja – Praia fluvial do Caneiro.
Côja – Praia fluvial do Caneiro (restaurante O Lagar Do Alva).
Sem dúvida um local de eleição para agradáveis momentos de tranquilidade e sossego.
Continua...
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