Após um interregno de dois anos devido à famigerada pandemia de COVID-19,
o Grande Prémio de Motos de Macau regressou este ano para a sua 54.ª edição,
prova integrada no programa do 69.º Grande Prémio de Macau, que
decorreu de 17 a 20 de Novembro.
Cartaz do 69.º Grande
Prémio de Macau. Via
Com participação assídua no Circuito da Guia desde a 47.ª edição (2013, 2014,
2015,
2016,
2017,
2018
e 2019),
o português André Pires conseguiu
uma vez mais reunir as condições necessárias para regressar à prova rainha do
motociclismo asiático, isto apesar de ter ficado parado durante a temporada de
velocidade deste ano, devido a duas intervenções cirúrgicas a que foi sujeito.
André Pires (Honda
CBR1000RR Fireblade #14 – Optimark Road Racing Team). Via
Num ano atípico em termos de competição para o piloto luso, que manteve
a forma e recuperou das cirurgias participando no Campeonato Nacional de
Supermoto e em alguns track days,
esta viagem a Macau significou também a estreia aos comandos de uma nova moto,
uma Honda CBR1000RR Fireblade da equipa francesa Optimark Road Racing Team.
À partida para Macau, o piloto de Vila Pouca de Aguiar mostrava-se
confiante num bom resultado: “Estou muito
feliz com mais uma participação no Grande Prémio de Macau! É uma prova em
que adoro participar, ainda mais agora, ao fim de dois anos sem o
GP devido ao COVID-19, o que nos deixou com muitas saudades”. André
Pires referia ainda que “Vai ser a
primeira vez que vou correr com Honda, estou muito curioso e ansioso para
poder entrar no circuito! O único senão em tudo é termos que fazer dez dias de
isolamento no hotel, devido à pandemia, mas todos os pilotos aceitaram e
então não quis perder a oportunidade. Quero agradecer a quem me está a apoiar e
tornou a nossa participação possível, onde me irei tornar no piloto
português com mais participações. Vamos tentar fazer história!”.
André Pires em acção no
Circuito da Guia. Via
Na primeira sessão em pista, treinos livres, Pires fechou com o 6.º
tempo ao rodar em 2m37.858s, completando um total de quinze voltas e a última a
ser mesmo a sua mais rápida. Depois foi tempo de participar nas Qualificações 1
e 2, sendo que na primeira foi 7.º com uma melhor volta de 2m35.007s, e na
Qualificação 2 obteve mesmo a melhor volta pessoal até ao momento com um tempo
de 2m33.791s. “Estou muito feliz. Nunca
esperei estar no top-10, até porque este ano sofri duas lesões. Sabia que era
um desafio, que está a ser bem superado”, declarou.
Entretanto, o sul-africano e luso-descendente Sheridan Morais, que compete
habitualmente no “mundial” de resistência (EWC) sob licença desportiva
portuguesa fruto da dupla nacionalidade, qualificou-se em 3.º lugar, garantindo
assim um lugar na primeira fila da grelha na sua estreia no Circuito da Guia. “Esta é a minha primeira vez em Macau. Ao
todo, o começo foi bom. Penso que seremos cinco ou seis a lutar pela vitória,
ou pelo menos pelo pódio”, disse o piloto filho de um lisboeta.
Arranque da corrida. Via
Com uma lista de inscritos bastante reduzida, sem a participação de
muitos dos nomes sonantes das provas de road
racing (nomeadamente do TT da Ilha de Man) devido às restrições impostas
pelo governo de Macau, o programa original acabou por ser revisto atendendo às
condições de segurança do Circuito da Guia, nomeadamente a presença de muito
óleo deixado na pista pelos automóveis na conhecida curva do Hotel Lisboa, acabando
a 54.ª edição do Grande Prémio de Macau de Motos por contar apenas com uma
corrida no domingo, em vez das duas previstas no sábado.
Arrancando de 6.º na grelha de partida para as 8 voltas da corrida,
André Pires e a sua Honda CBR1000RR Fireblade tiveram um bom arranque,
posicionando-se em 5.º, na primeira volta. Pires ainda se manteve em 5.º
durante algum tempo, antes de perder duas posições e descer para 7.º. A partir
daí o piloto português geriu a corrida, não se deixou apanhar pelo grupo que
vinha atrás de si, mas também não conseguiu reduzir a diferença para os dois
pilotos à sua frente. Ainda assim, o 7.º lugar torna-se agora no melhor
resultado final de André Pires nas oito participações em corridas no Circuito
da Guia.
Os três primeiros: Erno
Kostamo #38, David Datzer #55 e Sheridan Morais #32. Via
Na frente da corrida e depois de dominar os treinos e as qualificações,
a vitória ficou mesmo na posse do finlandês Erno Kostamo (BMW S1000RR #38 –
Penz 13), tornando-se no primeiro motociclista finlandês, e o primeiro
não-britânico desde 1997, a vencer o Grande Prémio de Motos de Macau. Kostamo e
o alemão David Datzer (BMW S1000RR #55 – MTP-Racing by Penz 13) acabariam por
ultrapassar o sul-africano Sheridan Morais (Honda CBR1000RR SP Fireblade #32 –
Syntainics by Penz 13) na 3.ª volta e assegurar as duas primeiras posições do
pódio. A partir daí Morais perdeu ritmo e acabou mesmo por fechar a corrida em
terceiro a mais de dez segundos do vencedor.
Classificação final. Via
“O
fim-de-semana correu como o planeado”, afirmou um satisfeito
Kostamo. “Senti-me confortável desde que
entrámos em pista, focando-me apenas no que estava a fazer. Trabalhei arduamente
na travagem e isso deu os seus frutos. É uma sensação fantástica vencer em
Macau.”
“Foi uma
experiência fantástica”, disse um emocional Datzer. “Terminar em segundo e competir com o Shez e o Erno foi emocionante.
Estou muito satisfeito com os meus tempos por volta”.
“Estou
extremamente feliz pela minha equipa, pelos adeptos e pela organização. É
óptimo premiá-los com um pódio ainda que tivesse adorado vencer”, referiu
Morais. “A corrida correu bem desde o início e fui desde logo mais de três
segundos mais veloz que na qualificação, mas numa das curvas mais apertadas
enganei-me na mudança. Depois quase caí na curva 1, pelo que acalmei o ritmo e
decidi levar a Honda até ao fim, em terceiro.”
Pódio do 54.º GP de Motos
de Macau. Via
De referir ainda que a piloto neerlandesa Nadieh Schoots (Kawasaki
ZX10RR #69 – Rebel Racing), a primeira mulher a competir no Grande Prémio de
Macau depois de mais de meia centena de edições desta prova de road racing disputada nas ruas de Macau,
terminou a corrida no 12.º lugar. Um resultado que ficará inscrito nos livros
de história do Grande Prémio de Macau.
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