sexta-feira, 7 de julho de 2017

Picos de aventura #4/4

Dia 4 (15 de Junho)

Lá diz o provérbio que “o que é bom acaba depressa”. Ora foi precisamente esta a sensação com que fiquei quando, ao acordar, dei por mim confrontado com a triste realidade de que esta minha aventura pelos Picos da Europa estava a chegar ao fim. Mas apesar do percurso de regresso a casa ser longo, com algumas centenas de quilómetros ainda por cumprir, houve tempo para uma subida às alturas para uma despedida em grande.

A despedida dos Picos da Europa.

Fuente Dé é uma localidade pertencente ao município de Camaleño, na comunidade autónoma da Cantábria, onde se encontra localizado o famoso Teleférico de Fuente Dé, a pouco mais de 20 km de Potes e com acesso por outra fantástica estrada, neste caso a CA-185.

O circo de montanhas (glaciar de circo) que rodeia Fuente Dé, em cuja base se encontra o Parador e a estação do Teleférico.

Esta infraestrutura abriu ao público no dia 21 de Agosto de 1966, efectuando a ligação entre Fuente Dé e o miradouro de El Cable, num percurso de 1.150 m. Demora 3 minutos e 40 segundos a vencer um desnível de 753 m, passando dos 1.070 m de altitude da estação base para os 1.847 m da estação superior.

Teleférico de Fuente Dé (estação base).

Teleférico de Fuente Dé (cabina).

Teleférico de Fuente Dé (estação superior).

Este sistema de transporte é frequentemente utilizado por caminhantes como meio de acesso rápido às diversas rotas de montanha existentes no Maciço Central, bem como por turistas que querem contemplar as impressionantes vistas das montanhas desde o miradouro de El Cable, na estação superior, como foi o caso (uma palavra de apreço ao funcionário da bilheteira por se ter disponibilizado a guardar os capacetes e o saco de depósito antes da subida). Relativamente ao preço, o valor de € 17,00 cobrado por uma viagem de ida e volta (adulto) é um pouco elevado, de facto, mas acaba por valer a pena pela experiência proporcionada, como facilmente se comprova pela extensa fila de visitantes que aguardavam pela sua vez de subir.

Teleférico de Fuente Dé (vista do miradouro de El Cable para Fuente Dé).

Teleférico de Fuente Dé (vista do miradouro de El Cable para o Maciço Central).

Teleférico de Fuente Dé (estação superior).

E foi assim, rodeado de paisagens de grande beleza, que se passou a manhã deste último dia por estas terras altas espanholas. A viagem de regresso teve então aqui o seu início, com o caminho de volta à vila de Potes e ao início da retorcida estrada CA-184 em direcção ao Parque Natural Fuentes Carrionas y Fuente Cobre, já na comunidade autónoma de Castela e Leão.

Teleférico de Fuente Dé (estação base).

Depois de atravessar este espaço natural protegido, a estrada CL-627 leva-nos até à rural e tradicional vila de Cervera de Pisuerga, no limite do parque, local onde atestei a VFR800 e que, por pouco, não foi a última vez que o fiz antes de entrar em Portugal. 

À medida que rumava para Sul, o calor começava a fazer-se sentir de forma mais intensa, criando algum desconforto na condução, em especial sempre que tinha que parar a moto. Essa condição, por um lado, e o avançar da tarde, por outro, fizeram com que tomasse a decisão de seguir pela estrada CL-626 para Aguilar de Campoo, onde, um pouco mais à frente, tomei a via rápida A-67 em direcção a Palencia e depois a A-62 para Valladolid e Tordesillas.

Novamente com o termómetro da VFR800 a assinalar uns incomodativos 37ºC, tal como tinha acontecido em León no 1.º dia da viagem, estava na altura de fazer uma pausa para descansar um pouco e beber/comer qualquer coisa. Daqui até Zamora foi um pulinho, pela pouco movimentada estrada N-122, prosseguindo até ao posto de abastecimento Repostar Monte Concejo onde, aqui sim, aproveitei para colocar os últimos litros de gasolina a preços de Espanha (mais barato, claro).

Retomando novamente o trajecto que já tinha efectuado quando fui assistir ao GP La Bañeza, para a parte final do percurso ficaram as travessias da Albufeira de Ricobayo, da Barragem de Villalcampo e da Barragem de Miranda do Douro para entrar em Portugal.

Em resumo

O que encontrar: Apesar da Cordilheira dos Picos da Europa não confrontar com o litoral, os seus cumes mais altos situam-se apenas a algumas dezenas de quilómetros do Mar Cantábrico, pelo que é possível combinar as paisagens de montanha com as belas praias da Costa Verde asturiana.

Época do ano: O mês de Junho é propício a dias solarengos, com temperaturas amenas, embora não seja de descurar a possibilidade de nuvens, alguma chuva e até trovoada. Os preços praticados nessa altura correspondem ao período de época baixa.

Na estrada: As curvas e contracurvas são as companheiras habituais (e ideais) de quem circula por estas estradas, em geral com pouco trânsito e bom piso, por entre paisagens naturais de grande beleza. Numa palavra: excelente! 

Onde ficar: A oferta de alojamento é vasta e variada em cada uma das regiões abrangidas pelas três comunidades autónomas, embora o preço e a disponibilidade variem naturalmente com o local e a época do ano. Se a opção passar por efectuar a reserva do quarto com refeições incluídas, atenção na altura do check-out com esses extras na conta (coincidência, ou não, o Hotel La Casa de Juansabeli foi o único onde não tive surpresas...).

O que comer: A Sidra das Astúrias e o Queso Cabrales, juntamente com alguns pratos típicos como o entrecot com molho de Cabrales, a fabada asturiana ou o cabrito assado, entre outros, são presenças incontornáveis na gastronomia da região. 

A não perder: Sem nenhuma ordem específica, a estrada N-621 (de Riaño a Potes), o Mirador del Corzo, o Monumento Al Oso Pardo, Caín de Valdeón (La Ruta del Cares), o Desfiladeiro de Los Beyos, Covadonga (Santuário e Lagos), Tresviso, o Desfiladeiro de La Hermida e Fuente Dé (Teleférico).

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