terça-feira, 4 de julho de 2017

Picos de aventura #1/4

Picos da Europa.

Falar do Parque Nacional dos Picos da Europa é referir uma das mais belas regiões da Península Ibérica, em geral, e de Espanha, em particular. Aqui confluem as comunidades autónomas de Castela e Leão, da Cantábria e do Principado das Astúrias, num imponente cenário de grande beleza natural. As paisagens deslumbrantes, as rotas de montanha, os povoados em locais recônditos, os monumentos de singular interesse, são, entre muitos outros, motivos mais que suficientes para partir à descoberta deste majestoso lugar, onde a montanha é rainha incontestada.

Mapa dos Picos da Europa. Via

Foi graças a uma oportuna conjugação de factores que, finalmente, consegui riscar a viagem de moto aos Picos da Europa da minha bucket list (lista de tarefas a cumprir antes de “bater a bota”, ou em inglês, kick the bucket). Assim, a disponibilidade pessoal (semana de feriados do mês de Junho), a época do ano (época baixa) e a situação climatérica (bom tempo) permitiram-me testemunhar a riqueza destas terras altas e disfrutar do seu magnífico património natural durante 4 dias. 

Dia 1 (12 de Junho)

O trajecto escolhido para o início da aventura foi sensivelmente o mesmo que já tinha percorrido quando fui assistir ao GP La Bañeza, ou seja, atravessando Trás-os-Montes por estradas nacionais e entrando em Espanha pela fronteira das Três Marras, que liga Avelanoso (concelho de Vimioso) a Alcañices, seguindo pela ZA-912 em direcção a Villardeciervos para, um pouco mais à frente, tomar a A-52 e, desta vez, a A-66 em direcção a León. 

Em direcção aos Picos da Europa. 

Os cerca de 37ºC de temperatura registados no termómetro da minha VFR800 foram companheiros indesejados durante a breve visita efetuada a León, capital da província homónima, famosa por sua catedral gótica, iniciada no século XIII e que se encontra em pleno Caminho de Santiago, bem como pela Casa Botines, uma das primeiras obras do famoso arquiteto catalão Antoni Gaudí.

Casa Botines, León.

Catedral gótica de León.

Depois dos níveis da moto e do condutor terem sido devidamente repostos, o mais importante era mesmo não perder o rumo para a cordilheira dos Picos da Europa e para os pouco mais que uma centena de quilómetros que separam León da localidade de Boca de Huérgano, local escolhido para passar a primeira noite em ambiente (pré) montanhoso. As estradas nacionais N-601 e N-625 foram percorridas sem pressas e a disfrutar da paisagem quando, de repente, dou por mim a atravessar um pequeno túnel (logo após a Central Hidráulica La Remolina), qual porta de entrada de um fascinante mundo por descobrir. E era mesmo... 

Ponte sobre a albufeira de Riaño (Remolina). 

O destino deste primeiro dia de viagem foi o Hotel Tierra de la Reina, não sem antes ter um primeiro contacto com as reviradas estradas de montanha, neste caso a N-621, para conhecer dois dos mais emblemáticos locais desta zona da Cantábria, o Mirador del Corzo e o Monumento Al Oso Pardo.

Mirador del Corzo, Puerto de San Glorio.

Monumento Al Oso Pardo, Puerto de San Glorio.

Chegado ao hotel e com o conforto de já ter o quarto reservado (sim, que isto de andar à aventura, sem destino e sem marcações, não faz muito o meu género), o check-in foi efectuado sem problemas e, após um belo prato de “Bacalao a la Vizcaína”, ainda foi tempo esticar as pernas e conhecer alguns dos pontos de interesse deste pequeno e tranquilo município, onde se destacam o Torreón de los Tovar (ruínas da fortaleza dos Tovar, os senhores da vila, de onde só resta o torreão de finais do século XIV, o qual foi restaurado em 2012 e alberga actualmente o centro de interpretação da fortificação) e a Ponte antiga sobre o Rio Yuso (do século XV, posteriormente recuperada no século XVIII). 

Hotel Tierra de la Reina, Boca de Huérgano, na companhia de um grupo de motociclistas britânicos sexagenários onde se destacava uma impecável Honda CB750 K0 (1969/70)!

Torreón de los Tovar, Boca de Huérgano.

Ponte antiga sobre o Rio Yuso, Boca de Huérgano. 

Continua...

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