Dia 2: Marrocos
(Arzila – Meknès)
O dia de início do tour em solo
marroquino começou bem cedo, com o pequeno-almoço no hotel e saída da caravana para
a estrada pelas 08:30, a chamada “hora que ninguém desconfia” (expressão
utilizada pelos organizadores em tom de brincadeira).
E nada melhor do que começar justamente pelo princípio, i.e., com uma
etapa que nos levou ao local onde foi fundada a nação marroquina, terminando
depois na cidade imperial de Meknès, uma das quatro capitais das antigas
dinastias reinantes deste país do noroeste de África,
juntamente com Fez, Marrakech e Rabat.
Como que liderada por um D. Sebastião
da era moderna, a “armada” portuguesa do Marroco Xperience Tour 2022, montada
nos seus cavalos mecânicos de duas rodas, rumou território adentro em direcção à
cidade de Alcácer-Quibir.
Aqui chegados, não com o propósito de travar nenhuma batalha contra os
marroquinos, naturalmente, aproveitámos para fazer uma pausa num
café para tomar o típico chá de menta (chá verde com folhas de hortelã e, normalmente,
muito açúcar). É uma das “bebidas oficiais” de Marrocos que se bebe em todo o
sítio e a toda a hora, tipicamente
por 10 Dh (cerca de 1 €).
Retomada a estrada, dificilmente podíamos prever o que iríamos encontrar
cerca de quatro dezenas de quilómetros mais à frente. Ao atravessar a comuna
rural de Masmouda,
deparámo-nos com uma espécie de pórtico de acesso a uma área com numerosas
tendas e um grande aglomerado de pessoas. Estava a decorrer o mercado semanal local
(souk
hebdomadaire). Com alguma apreensão, lá fomos avançando paulatinamente por
entre a multidão, completamente emersos num autêntico mar de gente, veículos,
animais e feirantes. Uma experiência verdadeiramente emocionante.
Ainda mal refeitos da aventura em Masmouda, chegámos a Sidi Kacem, cidade que fica
na transição da planície fértil do Garbe (a oeste de Fez) para o planalto de
Meknès. Foi por aqui que acabámos por almoçar, num “restaurante” junto à gare
rodoviária (gare
routière), onde as emoções subiram novamente de tom. Isto porque este
local sui generis era um misto de
zona de refeições e de talho (!?), com as peças de carne penduradas e a pingar
para o chão... mesmo ao lado das mesas onde são servidos os clientes!
Brutal! Realmente há que ter a mente aberta quando se procura por um
Marrocos mais tradicional e menos turístico. Mas apesar do aparato, o guia assegurou-nos
que a carne exposta era fresca, uma vez que não têm como a guardar por períodos
de tempo mais alargados.
Típico WC minimalista, com
descarga por balde a encher numa torneira (“restaurante” junto à gare
rodoviária de Sidi Kacem).
Uma coisa é certa, apesar das condições existentes, a comida estava
bastante boa (brochettes de
frango, kefta de bovino, salada
e pão tradicional) e os funcionários não se pouparam a esforços para que
fossemos bem servidos. No final, o valor a pagar por cada refeição, incluindo
bebida, foi cerca de 80 Dh (8,00 € aprox.). Valeu pela experiência.
Brochettes de frango, kefta
de bovino, salada e pão tradicional (“restaurante” junto à gare rodoviária de
Sidi Kacem).
Para desanuviar deste autêntico choque cultural, nada melhor do que
fazer mais umas dezenas de quilómetros para digerir convenientemente todas estas
aventuras. Assim, seguimos em direcção a Volubilis, onde passámos a tarde numa
visita guiada a este importante sítio
arqueológico classificado como Património Mundial da UNESCO.
Volubilis é o remanescente
de uma cidade romana construída no local de uma antiga cidade púnico-berbere
(com raízes nas culturas fenícia e berbere), que era a capital do Reino da
Mauritânia, localizada na planície de Saïss, no norte do Marrocos, às margens
do Oued Rhoumane, um rio nos subúrbios de Meknès. Não fica muito longe de Moulay Driss Zerhoun,
a cidade mais sagrada para os muçulmanos marroquinos, por nela se encontrar o
mausoléu do descendente direto do Profeta Maomé (aqui repousa Idriss I,
fundador da dinastia Idrissid, o primeiro Califado de Marrocos).
Terminada a visita e com Meknès
a menos de uma hora de distância, foi nesta importante cidade marroquina (capital
do país durante o reinado do sultão alauita Mulei Ismail, entre 1672 e 1727) que
terminou o 2.º dia do Marroco Xperience Tour 2022. Ficámos alojados no Hotel
Menzeh Dalia Meknes, localizado sensivelmente a cinco quilómetros do centro
histórico, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO.
O jantar foi servido no restaurante do hotel, ao que se seguiu o briefing por parte dos organizadores com as indicações sempre importantes para o
dia seguinte. E contrariamente ao que tínhamos tido nos primeiros dias do tour, as previsões meteorológicas não
eram as melhores, com forte possibilidade de termos a chuva como companheira
indesejada de viagem, em especial nas zonas montanhosas do Atlas.
Continua...
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