Dia 8 (17
de Setembro) – Chegada a Portimão e regresso
O
despertar do derradeiro dia da viagem à “Pérola do Atlântico” foi acompanhado
por uma sensação de forte desconforto. Senti-me com se tivesse levado uma
valente sova durante a noite. Maldita cadeira! Preferia ter feito uma tirada de
1.000 km seguidos na minha Tiger... Enfim, o que vale é que depois de ter tomado
o desayuno (de novo um café con leche en vaso largo e um bocadilho de jamon y queso) a coisa lá
arribou um pouco.
O ferry
cumpria as restantes milhas do trajecto sem sobressaltos, tal como o fez
durante toda a travessia. Já não faltava assim tanto para avistar a costa do Algarve.
O Farol da Praia da Rocha deu-nos depois as boas vindas no regresso à cidade de
Portimão, num magnífico dia de sol e com uma temperatura a condizer.
Pouco
tempo depois, os altifalantes do navio anunciavam que os passageiros já podiam
descer para junto das suas viaturas. Estava na altura de “arrumar a trouxa” e iniciar
os preparativos para o desembarque. Com a descida da rampa para o exterior da cubierta teve início a agradável
sinfonia emanada dos motores das motos, amplificada pelo espaço fechado,
metálico e com pouca altura em que se encontravam.
Passada a
breve inspecção das autoridades alfandegárias ainda dentro do recinto do
Terminal de Cruzeiros (uma mera formalidade, diga-se) e antes de seguir para a
estrada, foi tempo de um último olhar sobre o ‘Volcán de Timanfaya’, que
entretanto já se preparava para receber uma nova “fornada” de passageiros e
viaturas.
Uma breve
consulta do relógio revelou que tinha chegado a hora do almoço. Então nada melhor
do que ir à procura de um bom local para saborear a gastronomia algarvia, que
tem no peixe assado na brasa, principalmente a típica sardinha, um dos seus
expoentes. Acabei por “assentar arraiais” numa esplanada
localizada na zona ribeirinha Entre Pontes, com uma vista privilegiada para o
Rio Arade. Dificilmente poderia ter sido melhor.
E foi
mesmo com uma gostosa sardinhada que me despedi de Portimão, levando comigo uma
agradável e saborosa recordação do Algarve para a viagem de regresso a casa.
Resumo
Em jeito
de balanço, pode dizer-se que esta viagem de moto pela Madeira foi bastante
diversificada. Começou com uma longa travessia marítima por ferry, passou por uma
grande variedade de estradas e caminhos na ilha, através de paisagens espectaculares
e até bastante diferentes, acabando necessariamente com uma nova e extensa
travessia marítima por ferry, de volta ao ponto de partida.
Ilha da Madeira.
A Madeira
é sem dúvida um destino turístico por excelência. Durante esta minha estadia, tive
oportunidade de conhecer algumas das muitas coisas boas que a “Ilha das Flores”
tem para oferecer. Das magníficas paisagens à boa gastronomia, da riquíssima
flora ao artesanato, não faltaram motivos de interesse para explorar, tudo isto
acompanhado por um clima marítimo temperado com temperaturas primaveris que aqui
se fazem sentir durante praticamente todo o ano.
Os
amantes da natureza podem disfrutar da beleza da Floresta Laurissilva e de um
grande número de parques naturais e jardins, com destaque para o Jardim
Botânico da Madeira - Eng.º Rui Vieira e para o Jardim Tropical Monte Palace
(Quinta Monte Palace). Para os mais aventureiros, os passeios pedestres pelos
trilhos ao longo das Levadas
e Veredas e os passeios de barco para observação de cetáceos são actividades
a não perder.
É notória
uma grande influência da cultura inglesa nestas paragens (na genealogia dos
madeirenses, de uma classe social alta, os apelidos estrangeiros cruzam-se com
os portugueses), o que, analisando a história, não é de estranhar, já que a
Madeira foi duas vezes ocupada por tropas britânicas durante o séc. XIX (em
1801-1802 e em 1807-1814). O famoso Vinho da Madeira é um
bom exemplo deste legado, tendo ficado conhecido em toda a Europa e América
pelas mãos dos ingleses, tornando-se o vinho preferido em banquetes e mesas
requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias.
Ao nível
dos produtos regionais destacam-se também os derivados da Cana-de-Açúcar (Mel
de Cana, Rum/Aguardente de Cana, Broas e Bolo de Mel), as frutas tropicais
(Abacate, Anona, Banana, Maracujá, Papaia, Manga, Goiaba), o Bolo do Caco, a
Poncha, o Bordado Madeira e os trabalhos em Vime. Na gastronomia, não há como ignorar
o peixe fresco (Peixe-Espada Preto, Atum, Bodião, Pargo), o marisco (Lapas,
Cracas) e a Espetada Regional em pau de loureiro. As tradições regionais têm no
Traje Tradicional da Madeira, no Folclore (“bailinho” da Madeira), nos Arraiais
e nas Festas Religiosas algumas das principais atracções turísticas.
Andar de
moto na Madeira é realmente um prazer. Existem diversas opções para fazer bons
quilómetros nas estradas locais, maioritariamente com bom piso, que vão desde
as vias mais rápidas e essencialmente planas para se chegar aos locais de forma
mais rápida (através de uma grande quantidade de túneis), até aos caminhos mais
sinuosos e estreitos, por entre povoações e vegetação luxuriosa, que nos levam
até aqueles lugares especiais.
Mas
atenção, devido a uma geografia bastante acidentada, com grandes falésias na
costa e zonas montanhosas como o Pico Ruivo ou o Pico do Areeiro, que alcançam
os 1.800 m de altura, poucas são as estradas que não apresentam ingremes
subidas e descidas, numa constante montanha-russa asfáltica. Nota máxima para a
Tiger 800 XRx que superou todos estes desafios com distinção.
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