Localizado no centro do território de Espanha, o município de La Puebla de Montalbán fica cerca de 35 km a oeste da histórica e medieval cidade de Toledo, capital da província homónima e da comunidade autónoma de Castela-Mancha. Com o Rio Tejo a correr por perto, atravessado por uma antiga ponte cujo primeiro registo histórico remonta ao ano de 1423, nesta antiga capital do denominado Estado de Montalbán (onde se encontra o castelo de Montalbán, que abrangia outros lugares como San Martín de Montalbán, Menasalbas, Villarejo de Montalbán, El Carpio de Tajo e Mesegar de Tajo) destacam-se a Torre de San Miguel, a Plaza Mayor, o Convento de San Francisco, o Convento de la Concepción, o Museo La Celestina, entre outros.
Foi nesta terra que o viu nascer e crescer que Juan Antonio García abriu o seu Museo de Motos, recuperando para tal um emblemático edifício dos anos 1920-1930, bem perto da referida Torre de San Miguel. É neste amplo e renovado espaço que o proprietário recebe todos os que desejam conhecer a sua colecção de mais de uma centena de motos, maioritariamente espanholas, minuciosamente restauradas pelo próprio ao longo de 50 anos.
Via
A história
Nascido em 1947, Juan Antonio García, músico e agente artístico de profissão, é um grande aficionado por tudo o que tenha motor. Mas são as duas rodas que verdadeiramente despertam os seus sentidos, ao ponto de se ter convertido num especialista na restauração de motos antigas e clássicas.
“Os anos foram decorrendo e, sem dar conta, já passou quase um quarto de século desde o início desta aventura, tendo reunido um número aceitável de amostras para abrir o que para mim era uma quimera, o meu próprio "Museu de Motos". Mas esses sonhos também são resultado do respeito, esforço e paciência, principalmente da minha esposa e filhos, parentes próximos, amigos e pessoas de todos os tipos. Mas não há sonho sem críticas como qualquer projecto, mas... aí está o resultado”, refere Juan Antonio.
O edifício que alberga o actual “Museo de
Motos Juan Antonio García” tem como base o antigo “Cine María Cristina”, cuja
recuperação foi iniciada no ano de 2003. No processo de reabilitação foi
respeitada a sua estrutura arquitectónica e incluída a estrutura metálica do
telhado, a fachada principal e parte do antigo ecrã de cinema.
Um único espaço com uma
área de cerca de 500 m2 foi transformando em quatro salas, que comunicam
entre si por intermédio de rampas de fácil acesso, abrangendo agora uma área
total de quase 1.000 m2.Museo de Motos Juan Antonio García (La Puebla de Montalbán).
É sabido que a restauração de veículos de época acarreta um sem fim de problemas que têm que se ir resolvendo para conseguir transformar um “chaço velho” numa autêntica “jóia com motor”. Uma vasta lista de tarefas a cumprir como a consulta de bibliografia, a aquisição de peças, a pintura e o tratamento das partes metálicas, entre muitas outras, implica necessariamente uma grande disponibilidade e dedicação.
Ao longo de cinco décadas, Juan Antonio conseguiu levar a cabo inúmeros restauros, todos eles de grande qualidade, resultando numa substancial colecção de motos que, de uma forma ou de outra, tiveram o seu papel na história do motociclismo e da sociedade em geral.
Juan Antonio García e as suas máquinas. Via
O acesso ao museu tem um custo de 5,00 € por pessoa, um valor acessível tendo em conta o muito que há para ver e apreciar. Pode ser visitado aos Domingos e Feriados durante o período da manhã (de Terça a Sábado só através de marcação prévia).
A colecção
Apesar das motas espanholas serem de longe o tema principal da colecção de Juan Antonio García, as máquinas italianas, inglesas, francesas, alemãs e uma americana também fazem parte deste espólio de mais de 130 motos, impecavelmente restauradas pelo próprio e em perfeito estado de funcionamento, com exemplares de 1924 a 1982.
Para os mais puristas, aqueles que gostam de ver a passagem do tempo sobre os objectos e preferem as motos no seu estado natural (com patine), o museu tem alguns modelos onde simplesmente foi limpo o pó e a gordura acumulada, deixando a pintura já gasta e alguns restos de oxidação, pequenos cortes, etc.
Micromotor “El Ratón” [48cc] (1951/1954).
A presença de diversos modelos das emblemáticas marcas Montesa (Barcelona), Bultaco (Barcelona), Ossa (Barcelona), Derbi (Barcelona) e Lube (Bilbau) é um “must-have” numa colecção deste tipo, pela grande importância que tiveram na história do motociclismo em Espanha. Uma das grandes ausentes na colecção é a Sanglas (Barcelona), uma marca que se destacou pela fabricação de motos de cilindrada relativamente alta para a época, sendo a Sanglas 400 uma das mais conhecidas.
As Bultaco.
As Montesa.
Montesa B46 YA-YA [125cc] (1947).
As Derbi.
Derbi Prototipo Junior [49cc] (1977).
As Ossa.
As Lube com a 125 D [125cc] (1952) em destaque.
Para além destas e apesar de não haver nenhum exemplar das pequenas R. Soriano (o primeiro fabricante de motos em Espanha), a exposição conta com muitas outras marcas espanholas que, embora não sendo tão conhecidas, tiveram a sua relevância durante as décadas de 50 e 60 do século XX, tais como a Aster (Madrid), a Cofersa (Madrid), a Elig (Alicante), a Evycsa (Barcelona), a Iresa (Madrid), a Reddis (Terragona), a Mymsa (Barcelona), a Rondine (Madrid), a ASB/SB (Valência), a Cofersa (Madrid), a Rieju (Gerona), a Clúa (Barcelona), a Villof (Valência), a Ducson (Barcelona) ou a Setter (Alicante).
Mymsa A-1 [125cc] (1953/1963).
Reddis RA [125cc] (1954/1969).
Cofersa 10 M [125cc] (1954).
Aster Sport [150cc] (1954/1957).
Iresa 1º [200cc] (1949/1962).
Rondine Sport [125cc] (1951).
ASB A [72cc] e SB 98 [98cc] (1950/1963).
Evycsa Sport [175cc] (1953).
Ducson Turismo [49cc] (1958).
As Rieju.
Villof DF [125cc] (1953).
As Clúa.
Setter 2ª Versión [60cc] (1954) e Setter M-59E [74cc] (1959].
A acompanhar as marcas espanholas de raiz encontram-se as congéneres locais das italianas Ducati (Mototrans, Barcelona), Vespa (Moto Vespa, Madrid), Lambretta (Lambretta Locomociones, Guipúzcoa), ISO (Iso Motor Italia, Madrid), MV Agusta (Avello, Gijon) e Moto Guzzi (Moto Guzzi Hispania, Barcelona), bem como a Mobylette-GAC (Guipúzcoa) que é fruto de uma parceria com a francesa Motobécane.
As ISO, as Vespa e as Lambretta.
ISO Scooter [125cc] com Sidecar (1950/1957).
As Moto Guzzi e as MV Agusta com a Pullman [125cc] (1951) em destaque.
A 65 [63,75cc] (1948/1963), a 73 “Cardellino” [73,16cc] (1960), a 98 “Zigolo” [98,17cc] (1954/1960) e a 110 “Lario” [110cc] (1963), quatro dos cinco modelos mais famosos fabricados pela Moto Guzzi Hispania.
As Ducati.
Ducati 24 Horas [246,79cc] (1965).
Mobylette-GAC SP-95-R [49cc] (1966).
Como não são só as marcas espanholas que têm assento neste museu de motos, Juan Antonio García reuniu algumas “big bikes” estrangeiras no espaço mais elevado do edifício, onde pode ver-se belos exemplares de motos antigas e clássicas de marcas inglesas (BSA, Norton), francesas (Terrot, Peugeot, Dollar) e alemãs (BMW, NSU), entre outras.
As estrangeiras.
Norton 20 [498cc] (1936).
BSA V-Twin [770cc] (1924).
NSU Supermax [248cc] (1957) e Peugeot P111 [350cc] (1931).
Dollar R3 [350cc] (1929).
Terrot Type F [250cc] (1927).
Uma interessante colecção particular de ciclomotores e motociclos de época, cada um com uma história singular, que reflectem os grandes momentos da industrialização das motos e o seu impacto económico e social.
Informações
Morada: Calle Señor Cura, 7 - La Puebla de Montalbán - 45516 – Toledo, Espanha
GPS: 39º51'55.2"N 4º21'28.3"W
Telefone: (+34) 925 093 469 / (+34) 639 103 517
E-mail: info@museodemotos.com
Página Web: www.museodemotos.com
Horários: Domingos e Feriados das 10:00 às 14:00; Terça a Sábado só com marcação prévia.
Entrada: 5,00 €
Fontes: Museo de Motos Juan Antonio García e RadioShow IguanaROCK
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