Enquanto estava a arrumar a mala (na véspera, como é habitual...) para a
viagem de moto que efectuei a Espanha em meados do passado mês de Junho,
veio-me à cabeça um artigo
que li sobre viajar com sentido prático. “Muita
ou pouca bagagem, o fundamental para viajar é a ATITUDE”, escreve a autora.
Ora quem viaja de moto sabe que, para além do enorme prazer que tem em
conduzir a sua máquina por estradas e locais aprazíveis, nem sempre as coisas
correm exactamente como previsto e por vezes há que superar algumas situações
menos agradáveis. E é precisamente aí que a tal “atitude” é necessária para assegurar
que o importante continue a ser a viagem, não apenas o destino.
Vem isto a propósito das condições climatéricas que encontrei durante os
6 dias de viagem pelo tórrido sudoeste espanhol, com o propósito de visitar as
cidades de Madrid, Toledo, Córdova, Granada e Ronda em curtos roteiros de um
dia. Para tal é necessário efectuar a travessia das comunidades autónomas da Estremadura, Castela-Mancha, Madrid e Andaluzia, o que foi
efectivamente cumprido com temperaturas que variaram entre os 35ºC e os 40ºC!
Foi realmente necessário ter alguma (muita) “atitude”...
Comunidades autónomas de
Espanha. Via
Dia 1 (15
de Junho) – Aquedutos e o caminho para Toledo
O plano traçado para este primeiro dia de viagem passava por entrar em
Espanha pela fronteira do Caia, entre Elvas e Badajoz, seguir pela autovia A-5
até um pouco depois de Talavera de la Reina e sair para a A-40 em direcção a Toledo,
mais precisamente para Olías del Rey (a cerca de 10 km da cidade das três
culturas), local de pernoita para as visitas a Madrid e Toledo que iria
efectuar nos dias seguintes.
Em direcção à zona de Toledo.
Mas antes de chegar a terras de “nuestros hermanos” foi ainda tempo de conhecer
a Gruta do Escoural,
no município de Montemor-o-Novo, à qual se acede a partir da Estrada
Nacional 2. Esta importante cavidade natural, que é Monumento Nacional
desde 1963, é a única em solo nacional que contém gravuras e pinturas rupestres
paleolíticas. Uma verdadeira “montra” da pré-história alentejana (a visita custa
€ 3,00 e só pode efectuada mediante marcação prévia no Centro Interpretativo em
Santiago do Escoural).
Gruta do Escoural, Santiago
do Escoural (Montemor-o-Novo).
Prosseguindo pelas pitorescas e rurais estradas M370, CM1079-1 e CM1079,
cerca de 15 km depois surge a povoação de Valverde, onde se situa a Quinta do
Paço e o Conventinho do Bom Jesus, ocupados atualmente pelo Polo da Mitra da
Universidade de Évora. É junto a este convento que se encontra o Aqueduto
da Mitra, construído na segunda metade do século XVII para abastecer a casa
principal e a capela.
Aqueduto da Mitra, Valverde
(Évora).
Cerca de 2 km depois, a referida estrada CM1079 entronca com a N380 em
direção a Évora, cidade que circundei para prosseguir em direcção a Elvas pela
N18 e N4, passando pelo Aqueduto
da Água de Prata, uma obra de engenharia hidráulica renascentista executada
para abastecer a cidade com água, inaugurado no ano de 1537, parte integrante
do Centro Histórico de Évora incluído na Lista do Património Mundial da UNESCO
e está classificado como Monumento Nacional desde 1910.
Aqueduto da Água de Prata,
Évora.
À entrada de Elvas encontra-se, nada mais nada menos que... outro
aqueduto, pois claro! Neste caso trata-se do imponente Aqueduto
da Amoreira que, com os seus 8,5 km de extensão, 843 arcos com mais de
cinco arcadas e torres que se elevam a 31 metros de altura, é considerado o
maior aqueduto da Península Ibérica. Começou a ser construído em 1537 e foi
inaugurado em 1620. Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910
e integra o sítio denominado Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas e as
suas Fortificações, classificado pela UNESCO como Património Mundial desde
2012.
Aqueduto da Amoreira, Elvas.
Depois de um reconfortante almoço
dentro das Muralhas de Elvas (as maiores fortificações abaluartadas do mundo) e
com a temperatura já a atingir valores um tanto ou quanto incomodativos, a
viagem prosseguiu sem grande história pela autovia A-5 (sem portagem, como é
normal em Espanha) até à saída 76, antes de Maqueda (Toledo), com um reabastecimento
a meio perto de Santa Cruz de la Sierra (Cáceres).
Daqui até
Olías del Rey foi
um pulinho, primeiro pela A-40 até à saída 127, seguindo depois pela CM-4003,
CM-4006 e uns metros na A-42 (Autovia de Toledo, que assegura uma ligação
directa entre Madrid e Toledo) até ao estacionamento do Hostal
82.
Hostal 82, Olías del Rey
(Toledo).
Com reserva antecipadamente assegurada para evitar surpresas
desagradáveis, o check-in foi
efectuado sem problemas, apesar de uma pequena confusão por parte do
funcionário do hostal, prontamente ultrapassada com a exibição do comprovativo
da reserva (valeu a pena ter ido prevenido).
Depois de jantar no restaurante em frente ao hostal, curiosamente também
com o nome ‘82’ (para além de ‘Molero's’), ainda houve tempo para um pequeno
passeio ao centro histórico desta tranquila localidade, com passagem pelo Parque
Municipal “Virgen del Rosario” (que inclui a Piscina Municipal) em direcção
à Plaza de la Constitución, onde se encontra o Ayuntamiento
de Olías del Rey, a Parroquia
de San Pedro Apóstol e a Confraternidad
Regional de Operarios del Reino de Cristo.
Parroquia de San Pedro
Apóstol, Olías del Rey (Toledo).
Confraternidad Regional de
Operarios del Reino de Cristo, Olías del Rey (Toledo).
Continua...
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