Por uma opção meramente pessoal, devo começar por dizer que nunca fiz
parte de nenhum moto clube, grupo motard ou outra associação do género, embora apoie
e reconheça o seu papel extremamente importante junto da comunidade motociclística,
quer seja na defesa dos seus direitos enquanto utilizadores de veículos de duas
rodas, ou no convívio salutar entre os seus associados e amigos, abrangendo várias
actividades tais como as concentrações de motas.
Apesar disso, durante a última década e meia participei em diversas
concentrações de vários moto clubes, como por exemplo o MC Covilhã – “Lobos
da Neve” a Norte ou o MC
Montijo na área da Grande Lisboa, sem esquecer aquela que é uma das grandes
referências a nível nacional (e europeu) deste tipo de eventos, a Concentração
Internacional do MC Faro, cuja
primeira visita efectuei em 1999 aos comandos de uma Honda
CB 500.
Via
Ora vem este assunto a propósito das comemorações do 27.º aniversário
do MC Lisboa (1987-2014), que decorreram
no passado dia 11 de Janeiro.
Bem, não propriamente em relação ao aniversário em si, que se espera que
se repita por muitos e bons anos, mas sim ao papel que este moto clube tem vindo
a ter na cena motociclística local e nacional.
Ou melhor, a ausência dele... uma vez que, bem vistas as coisas, o MC
Lisboa não é um moto clube qualquer.
Sediado na capital do país (na Freguesia dos Olivais) com novas
instalações desde 9 de Abril de 2001 e um protocolo celebrado com
a Câmara Municipal de Lisboa a 21 de Setembro desse ano no domínio da protecção
civil, a sua já longa história remonta à génese das estruturas nacionais
federativas e associativas (há registos
da década de 50 do século passado sobre a existência de um clube com analogias
ao actual).
Via
É o sócio
fundador n.º 2 da Federação de Motociclismo de Portugal (11 de Maio de 1990),
o organismo responsável pela promoção, coordenação e regulamentação do motociclismo
nacional, que, em jeito de curiosidade, tem como sócio fundador n.º 1 o MC Sintra,
grande impulsionador das motas antigas e clássicas, na vertente de
coleccionismo e de competição.
Em face de tão relevante corriculum
e correndo o risco de ser injusto (uma vez que não estou familiarizado com todas as suas
actividades), não deixa de ser um pouco estranho que não se conheçam e/ou divulguem,
pelo menos ao nível do grande público, as várias iniciativas levadas a cabo por
este moto clube na Cidade de Lisboa, caso elas realmente existam.
Mais, com o crescente número de turistas a visitarem aquela que foi recentemente
uma das cidades vencedoras do Financial Times para o Investimento Directo
Estrangeiro das Cidades e Regiões do Futuro 2014/2015, melhorando assim o ranking anterior, é todo um potencial
turístico ao nível da hotelaria, da restauração e do comércio que é
desaproveitado (veja-se por exemplo o papel que o MC
Faro tem tido na prestação de serviços à comunidade e na
divulgação/promoção daquela região algarvia).
Em resumo, o MC Lisboa tem sido um clube mais virado para os seus
associados e algo fechado para os lisboetas em geral. É caso para perguntar: Será
que têm havido acções de sensibilização para a prevenção de acidentes
rodoviários, especialmente junto das camadas etárias mais jovens, tal como
previsto no protocolo com a CML? Face à grande implantação que as concentrações
de motas têm em Portugal, será que era assim tão descabido organizar uma em
Lisboa? Ou porque não uma grande festa do motociclismo, com exposições,
passeios, desfiles, provas desportivas, test
drives e afins, um pouco como já se faz na invicta através do MC
Porto?
Eu, sinceramente, esperava um pouco mais...
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