Instrutora de condução e ex-piloto de motos, Fernanda Ramos deixou-nos
no passado dia 3 de Fevereiro, aos 56 anos de idade, vítima de doença.
Fernanda Ramos (1967-2024).
Via
Natural da cidade transmontana de Vila Real, considerada (com as devidas
salvaguardas) o equivalente português da Ilha de Man devido à sua tradição em
corridas de rua, Fernanda foi desde cedo uma espectadora e adepta de provas de
motos, embora nunca tenha pensado em correr por não se achar capaz de tal feito...
até um dia ter sido desafiada.
Iniciou a sua carreira na velocidade nacional em 1995 e com perseverança,
dedicação e entusiasmo, o pânico inicial das corridas foi-se desvanecendo com a
experiência que foi acumulando como piloto, num meio eminentemente dominado pela
testosterona, sem receio de ser vista como menos feminina por isso.
Fernanda Ramos no Troféu
Honda CBR 600. Via
Em termos desportivos, competiu alguns anos no Troféu Honda CBR 600,
sendo a única concorrente feminina. O ano de 1997 ficou marcado pela sua participação
em importantes provas além-fronteiras, como as 24 horas de Montjuic e o GP de Macau.
“1997 foi o meu ano mais feliz, corri no Grande Prémio de Macau, com uma
Ducati 916 SP. Em 44 anos de corridas no Grande Prémio de Macau, fui a única
mulher a correr lá. Também nesse ano, tive a oportunidade de participar numa
corrida de resistência de 24 horas em Montjuic-Barcelona.”
Ainda sobre o GP de Macau de 1997, a piloto lusa alinhou na Corrida
Super Challenge (Superbikes) com nota muito positiva, terminando num honroso
12.º lugar, tornando-se na primeira senhora a correr de moto no Circuito da Guia.
Fernanda disputou a prova com uma Ducati 916 SP, uma moto que nunca tinha
tripulado até aquele fim de semana e muito mais potente que as 600cc com que
competia em Portugal.
“Gostei muito do circuito, mas o facto de não estar habituada à moto e
de não conhecer a pista nunca me permitiu andar realmente depressa”.
Fernanda Ramos no GP de
Macau (1997). Via
Vivendo o dia-a-dia, como muitos de nós, em ritmo acelerado, há uns
meses sentiu-se mal e teve de ser internada... a degradação acabou por ser
rápida e Fernanda Ramos não mais deixaria o hospital até ao fim.
R.I.P.
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