quinta-feira, 22 de maio de 2025

XVIII Salão Motorclássico

O Salão Motorclássico, um dos principais eventos dedicados aos automóveis e motos clássicas e desportivas em Portugal, com organização a cargo do Museu do Caramulo, teve a sua 18.ª edição nos dias 21, 22 e 23 de Fevereiro, na Cordoaria Nacional, em Lisboa.

Salão Motorclássico 2025. Via

Assim, à semelhança dos anos anteriores e ao longo de três dias, o Salão juntou dezenas de expositores nacionais e estrangeiros relacionados com a temática dos clássicos, distribuídos ao longo dos cinco pavilhões da Cordoaria Nacional, bem como das zonas exteriores.

Os visitantes puderam ver e comprar automóveis, motos, livros, peças ou artigos de coleção, a entidades institucionais, como clubes, associações ou museus, que fazem deste certame um evento não só para aficionados do mundo dos clássicos, mas também para o público em geral.

Nesta edição de 2025 visitei o Salão Motorclássico no dia de abertura, na Sexta-Feira à noite. Em contraste com o dia de Sábado, tradicionalmente bem mais movimentado, encontrei um ambiente bastante calmo e tranquilo, propício para apreciar sem pressas e com maior detalhe cada um dos stands e os clássicos neles expostos.

Visita nocturna ao Salão Motorclássico, com o autocarro Daimler Victory (1967) n.º 76 da Carris a dar as boas-vindas.

Logo após a validação dos bilhetes na entrada no Salão, todos os meus sentidos despertaram de imediato com as motas expostas no espaço reservado à Moto W. Numa grande variedade de modelos icónicos, maioritariamente desportivos dos anos ’90, mas não só, o destaque ia naturalmente para a Honda NR750 (RC40) de pistões ovais, modelo bastante raro e muito cobiçado por coleccionadores da marca da asa dourada. Um autêntico objecto de culto, que podia ser adquirido pela módica quantia de 199.000,00 €.

Yamaha FZR750R OW-01 (1989) – 45.000,00 €.

Honda NR750 (1993) – 199.000,00 €.

Suzuki RGV250 (1991) – 15.000,00 €.

Em exposição no stand Relíquias da Bairrada encontrava-se uma Favor Model Type A1 de 1926, modelo este que participou na Corrida dos Fundadores de 2024 (um passeio destinado a automóveis e motos pré-guerra, produzidos até 1939, que celebra a era dourada do automobilismo).

Favor Model Type A1 (1926).

A exposição temática de celebração do 80.º aniversário sobre o final da Segunda Guerra Mundial, o maior conflito bélico da humanidade e que moldou a história do Século XX, contou com a presença de duas motas da época, em representação dos países Aliados e dos países do lado do Eixo: uma BSA WM20 de 1941 e uma DKW NZ350 de 1939.

BSA WM20 (1941) e DKW NZ350 (1939).

O look clássico, vintage e retro associado às duas rodas esteve presente no espaço da Cool Garage, com os mais variados tipos de acessórios para um lifestyle a condizer.

O estilo clássico, vintage e retro presente no stand Cool Garage.

As motas customizadas, ou personalizadas, refletem as opções e os gostos dos seus criadores. São normalmente modelos únicos, que se diferenciam dos demais em termos estéticos e mecânicos, com maior ou menor grau de alterações, razão pela qual não é muito comum aparecerem à venda. Mas no stand 4 Rodas havia uma Harley-Davidson FLSTF Fat Boy de 1998 customizada por 17.900,00 €.

Harley-Davidson FLSTF Fat Boy (1998) customizada – 17.900,00 €.

Ainda nas customizações, uma clássica BSA (1967) modificada servia de chamariz para o espaço ocupado pela Malle London, uma empresa britânica criadora de refinados acessórios de design no universo das motas personalizadas. O proprietário desta BSA é Jonny Cazzola, um dos fundadores da Malle.

BSA (1967) customizada de Jonny Cazzola (Malle London).

Na Automobilia do Salão Motorclássico (uma junção das palavras automóvel e memorabilia) encontravam-se diversos artefactos históricos e itens colecionáveis relacionados com os automóveis, as motas e áreas afins. De natureza muito variada, desde aqueles ligados ao desporto num sentido geral (por exemplo, um kit de ferramentas), até aqueles intrinsecamente ligados a um veículo ou evento específico. Arte, modelos, livros, brinquedos, bandeiras e roupas, embora não estejam diretamente ligados a um veículo, também fazem habitualmente parte da Automobilia, sempre que associados a um tema automobilístico.

Automobilia no Salão Motorclássico.

Artigos coleccionáveis sobre veículos de duas e de quatro rodas.

No espaço da lisboeta OndaClássica podiam ser vistos diversos modelos clássicos da Honda, essencialmente ciclomotores, prontos para seguirem para uma qualquer garagem ou colecção particular.

Conjunto de clássicas Honda, no stand OndaClássica.

Anunciada como uma mota de Sport Touring em 1988, a BMW K1 sempre dividiu opiniões relativamente à sua estética ousada, permanecendo polarizadora até aos dias de hoje. O seu design futurista, com baixo coeficiente de resistência aerodinâmica, nunca foi consensual, chegando mesmo a ser considerada por muitos como uma das motas mais feias de sempre. Para os seus admiradores, este modelo de 1993 podia ser adquirido por 9.250,00 €:

BMW K1 (1993) – 9.250,00 €.

Chegado ao stand Estoril Motor deparei-me com um extraordinário conjunto de motas clássicas italianas dos anos ’50 e ’60 bastante raras, que se revelou, pelo menos para mim, como o ponto alto da visita. Duas Moto Maserati 125cc de 1956, uma MV Agusta Liberty S 50cc dos anos ’60 e duas Moto Ferrari (Fratelli Ferrari), uma 150cc de 1955 e uma 50cc de 1959, todas em estado impecável, fizeram-me sonhar em querer tê-las na minha garagem. Fiquei-me pelo sonho...

Moto Maserati 125cc (1956).

MV Agusta Liberty S 50cc (anos ‘60).

Moto Maserati 125cc (1956).

Moto Ferrari 150cc (1955).

Moto Ferrari 50cc (1959).

No mesmo espaço e um pouco mais ao lado, encontravam-se um conjunto de magníficas motas desportivas a 2T do final dos anos ’80, autênticas race replicas para oferecer aos fãs das corridas a oportunidade de adquirirem modelos semelhantes às máquinas de fábrica que assistiam nas pistas (que não gostava de ser o Freddie Spencer, o Barry Sheene ou o Kenny Roberts). Destaco uma Honda NS400R (1986), autografada pelo próprio “Fast” Freddie Spencer.

Yamaha TZR250 (1987).

Honda NS400R (1986), autografada por “Fast” Freddie Spencer.

Yamaha RD500 (1986).

A BMW R80G/S lançada em 1980 é considerada a primeira mota desportiva de aventura do mundo, capaz de ser igualmente eficiente dentro e fora de estrada. A designação G/S (Gelände/Straße, que significa terreno/estrada) evidencia as características dual-sport deste modelo. No Motorclássico encontrava-se uma BMW R80G/S Paris-Dakar de 1983 (edição especial evocativa das vitórias de Hubert Auriol e Gaston Rahier no Rali Paris-Dakar) à venda por 21.900,00 €.

BMW R80G/S Paris-Dakar (1983) – 21.900,00 €.

Para além das duas rodas, muito mais havia para ver no que respeita às quatro rodas, com magníficos exemplares de grandes clássicos, restaurados e por restaurar, de “fazer crescer água na boca”.

Contrastando com os clássicos presentes no salão, o futuro deu-se a conhecer através do Adamastor Furia, o primeiro supercarro português da história, presente sob a forma de development prototype. O Furia representa o início de uma nova era para a Adamastor, o ponto de partida para a empresa portuguesa concretizar a sua visão e estratégia, assumindo-se como um dos principais nomes no exclusivo e crescente segmento mundial dos supercarros.

Em resumo, quem se deslocou às instalações da Cordoaria Nacional para visitar o XVIII Salão Motorclássico não deu por mal empregue o seu tempo. Para o ano haverá mais, certamente.